segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

autarquia

Um vento incrivelmente temperado dançava com os fios dos meus cabelos e meus olhos se fechavam, quase que involuntariamente, desejando que aquele momento nunca passasse. Ficava a observar a água extremamente azul batendo nas rochas gigantescas sobre as quais eu estava. Aquele cheiro de liberdade e aquele ar tão cativante me fizeram ficar extasiada, completamente tomada por tão misterioso dom, capaz de me conquistar.

E agora aqui, observando a chuva, eu desejei possuir um par de asas; voar até o mais alto ponto e somente observar um pouco a beleza que vidra meus olhos. Realmente, agora eu queria fugir um pouco da solidão que acabou de bater à minha porta. Fui educada, mas não tenho a capacidade de compartilhar com ela mais que pequenos espaços de tempo. E acho que por isso me refugio nestes textos, nos simples dedilhados no violão, Nele, neles e nelas, debaixo das cobertas, na beira da sacada, no céu, nos livros, nas minhas composições, nas minhas risadas, nos beijos e nos olhares.

Que me perdoem tantos outros incríveis momentos, mas este é o único capaz de aquecer meu coração no dia de hoje: Aquele momento, no topo das rochas, onde eu encontrei a liberdade que aos poucos eu tinha permitido sair de mim.

Respirei fundo, olhei para a obra de arte abobadada sobre minha cabeça e então nada mais me impediu de ser feliz, nem mesmo um momento de solidão.

A liberdade é o oxigênio da alma.
Woody Allen