sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Meu jardim


Era tarde de verão, aquelas em que o calor se mistura à brisa tão livre.

Era a minha tarde com você. Eu me lembro de todos os detalhes tão bem formados e selecionados. Eu sei que você pensou em tudo, sei que conhece tudo o que faz de mim alguém feliz.

Estas minhas lágrimas não expressam tristeza e dor, não sei como amá-lo de forma mais profunda; eu choro por você, eu preciso tanto de você.

Este teu olhar, este teu tocar, não sei como pode algo tão maravilhoso assim acontecer todos os dias, a cada minuto, eu tenho me apaixonado por você e como isso cresce...

E eu fechei meus olhos e deixei tua música ser meu par e eu dançei com você de olhos fechados eu dançei com você toda a noite.

Porque eu choro por você.

Porque eu preciso de você como eu nunca pensei precisar de alguém.

Sabe quando eu estou sentada lá na sacada olhando o céu? Eu o vejo lá. Tão simples, mas tão intenso, imensurável, tão acolhedor, beleza pura. Eu sinto o teu sorrir me abraçar, eu sinto o teu pulsar me animar, eu sinto você mecher com tudo o que sou, com tudo o que ainda vou ser.

Obrigada por me amar assim e por me permitir.

Minhas palavras são suas, meus sorrisos, meus sonhos, minha vida.

Amor maior não há, amor maior não há, amor maior não há.


And You've told me who I am
I'm Yours, I'm Yours.
Who Iam?
Casting Crowns



Acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
Clarice Lispector




P.s : Véspera de Natal e desde já eu desejo alegria, a alegria !



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Surrender


Quando chegar a hora talvez eu me lembre de hoje. Lembrar do tempo em que eu não conhecia a profundidade dos meus sonhos.

Quando alguém sorrir de graça pra mim, lembra-me que o amor não custa nada, distribuí-lo mais.

Tire as minhas máscaras, quero aprender mais com as crianças, não ter pressa para crescer. Dançar mais, conversar mais. Tentar cantar um black. E se nem tudo der certo, tudo bem, tudo bem.

Caminhar. Pra lá, pra qualquer lugar. Viajante neste mundo.

As falhas não importam mais. Forte ou fraco. De qualquer jeito. Cristo me ama.

Que nesta terça-feira o afago encontre aquele que o procura, que este Teu calor derreta o frio cortante da saudade, que Aquele que é a alegria encontre um lugar para correr com alguém.

E que você escute uma canção ao dormir, que você cante com ela. Brilhe pra você e para o mundo. Todos os dias da semana.



So take me as You find me
All my fears and failures
Fill my life again
I give my life to follow
Everything I believe in
Now I surrender.

Hillsong United

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Reasons



Todos os meus sentidos, em todos os Seus beijos e abraços. Sua vida por mim e por que querer mais tanta coisa? Se Seu amor foi - e ainda é - maior que a vida, se Suas palavras doces me acalmam, se nas coisas que fazes o riso me toma por completo, se ao ouvir a Tua voz meu coração se alegra e surge em mim a vontade de cantar, de dançar, de pular...
Porque somente em Ti eu me sinto completa, repleta... De, amor, de esperança, de paz. O que eu posso querer mais?

Teu amor é tudo, definitivamente tudo. Que eu o conheça mais.

sábado, 30 de outubro de 2010

Dia de sábado


Hoje foi um dia maravilhoso. Dia daqueles em que você começa a sentir saudade logo que o vê se despedir. Há um bom tempo eu não me divertia tanto, enfiada em livros que pai amado... São terríveis! Sabe quando você bate o dedinho do pé -quinto pododactilo- na ponta do sofá e aquela ira louca começa a subir-lhe a cabeça e dá vontade de bater no coitado do dedinho que ficou distraído e bateu no sofá, sei lá, mas você -antes que outro desastre aconteça- consegue raciocinar que as coisas irão piorar se você não sentar, segurá-lo com carinho e dar aquele gritinho básico: AAAAAAAHHHI! Pois é, as pessoas que escrevem os livros que tenho lido ultimamente o fazem em momentos assim, onde a ira fala alto, ou grita, tanto faz.

Mas a é vida bela mesmo assim e amém.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Choses dans la vie


Tarde de quinta-feira, do antepenúltimo mês do ano de 2010. Eu resolvi fazer uma visita ao computador, com um copo d’água ao meu lado direito, porque tomei coragem para compartilhar alguns pensamentos -talvez insanos- meus.

Começo pela ilusão que temos em relação à posse daquilo que está a nossa volta. Se todos os dias sentamos na mesma cadeira passamos a ter a ideia de que ela nos pertence. Quando alguém -infame alguém- decide sentar naquela cadeira a ira floresce, afinal aquela criatura implicante a tomou na mera intenção de nos levar a loucura. “Minha cadeira, tanto lugar pra sentar e ele(a) vem sentar na minha -com aquela vozinha perplexa- cadeira, falta de respeito.” Enfim, a primeira ilusão.

Segunda ilusão: “Eu sei Português”. Meu bem, acredite, você não sabe português. Simplismente porque você vai viver a sua vida inteira - não morra antes, faça o favor - tentando entender e -mais difícil- praticar coisas como concordância verbal e nominal, pronome relativo e afins, síntaxe da oração, paralelismo sintático, relações de sinonímia e antonímia, colocação pronominal, pontuação e por ai vai, até que uma triste reforma ortográfica acabe com a sua vida e você descubra que seus sete anos super nada monótonos de Ensino Fundamental e Médio -não vamos contar com os anteriores porque ter uma lancheira multicolorida, um tênis de luzinha e correr no recreio (não é intervalo) é bem legal- estão dizendo, na maior cara levada, que você não deveria ter mentido para você mesmo dizendo que carregar aquele tijolo chamado gramática nas costas durante intermináveis 200 dias, mais ou menos, valeria a pena porque você iria adquirir mais conhecimento. Mas, contudo, entretanto, porém, todavia – recupera o fôlego- você continua amando a Gramática, ou não? Bem, cada um com os seus problemas...

Então você chega a –porque quem chega, chega a algum lugar- casa quase se sentindo alguém com um pré-reumatismo, com dores nas costas e com um cansaço doido que dá a ilusão que você viajou do Sudão ao Brasil carregando um urso nas costas e diz: “Tenho que estudar.” E porque você tem que estudar coisa bonitinha? “Porque eu tenho uma necessidade, que eu não sei de onde vem, de conhecer algo.” Só que este "conhecer algo” é mais complexo do que parece; somos ignorantes sabendo Física interplanetária, direito administrativo, psicanálise, espondiloartrose anquilosante (é uma doença – um dia pra aprender a falar e outro pra aprender a escrever) e coisinhas lindas do tipo, pra que, em um belo dia de sol, você veja uma criança de dois anos ensinando aos pais o que é amor, ou parar um tempo pra observar os melhores amigos do homem e ver como eles têm facilidade em perdoare perceber que você não sabia de nada, porque conhecimento é como fazer um castelo de areia na praia, é frágil, é pó.

E ai por fim acreditamos que temos que fazer isso ou aquilo pra fulano ou cicrano nos perceber, para sermos alguém na vida etc. Começamos a olhar para o que queríamos ser e esquecemos quem somos, projetando uma pessoa em nossa mente que não é aquela que se vê quando nos encaramos no espelho, mas alguém que poderíamos ser, alguém que queríamos ser. É nesse momento que florescem os problemas com a auto-estima, a depressão. Na verdade, aquilo que somos é aquilo que fomos criados para ser. Isso não é uma visão cômoda, que prega que temos que deitar em uma rede e esperar a vida passar, é amar-nos tanto a ponto de querer fazer-nos melhor. Deus nos confiou isso. Para que possamos crescer, evoluir, do nosso jeito, no nosso tempo. (abre parênteses)

- Permita que me apresente, Senhor! – disse Caspian, ajoelhando e beijando a pata do Leão.

- Bem-vindo seja, príncipe – disse Aslam. Sente-se bastante forte para reinar em Nárnia?

- Bem, não sei – respondeu Caspian. Não passo de um garoto.

- Muito bem! – Replicou Aslam. – Se dissesse que tinha a certeza, seria prova de que não estava apto a reinar. Por isso abaixo de mim e do Grande Rei, será rei de Nárnia, Senhor de Cair Paravel e Imperador das Ilhas Solitárias. Você e seus descendentes, enquanto durar a sua raça.

As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian

Capitulo 15, página 389, segundo parágrafo

(fecha parênteses) Com o tempo – para dar aquele ar de velho sábio – percebemos que não somos donos de tantas coisas, que não conhecemos tantas coisas e que no fundo não nos sentimos bons, preparados ou importantes. No fundo, tudo isso é aquilo que deveria ser. Não nos convém ser senhor de algo -mude a entonação, por favor, para aquela voz de Johnny Bravo, conhecer tudo ou nos sentirmos perfeitos, porque se assim fosse, a vida perderia a graça: As crianças não brigariam mais pra saber quem vai no banco da frente, não conheceríamos outras pessoas na sala de aula em seus cantos longínquos e por pouco não inabitados e perderíamos uma das mais belas qualidades possíveis de se adquirir, a humildade/simplicidade. Porque quando sou fraco, então é que sou forte (2 Coríntios 12:10) e pra mim isso basta e faz todo sentido.

[...] Tudo na vida é ilusão. Clara Nunes

[...] É ilusão, é ilusão, diz o sábio. Tudo é ilusão. Eclesiastes 12:8

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sonha-vor


Se encontraram na beira da praia, e não havia melhor lugar para tão insólito encontro.

Ele chegou assobiando suas limitadas e tão apaixonantes notas. A brisa era fresca, suave, balançava as ondas e se esticava para perto deles. Quando ela olhou em sua direção, o assobio parou, dando lugar àquele sorriso que não passava de um brilho diferente nos olhos; riu um riso tímido, fazendo-lhe aparecer as covinhas próximas aos lábios.

Ela era eu e ele um pedaço do mundo, um pássaro – um ser alegre preso a sua liberdade, ave migratória, mudava com as estações. Não fosse por alguns detalhes ele seria como eu, eu como ele. Este alcançava o céu com as asas, eu com as ideias. Ele mal tocava o chão, mas quando o ar já lhe cansara as asas, era lá - na beira da praia, onde deixava um pouco de si na terra.

Nós beijávamos o sol, colhíamos estrelas, desenhávamos nuvens, viajávamos de sul a norte, do Brasil ao Japão, sabíamos como nos apaixonar pelo mar, sabíamos viajar, amar...

Sempre fomos pouco notados, pequenos demais no mundo. Na verdade, quanto mais alçávamos altura, mais parecíamos pequenos para aqueles que não se atreviam a voar.

Não importava como voávamos, importava aquele ar a nos encher os pulmões, nos dando ânimo para seguir viajem: uma nova rota, um novo destino, nada de mapas. Ele no céu, eu sintonizada com a gravidade do Planeta Azul.

[...] Continuar vivendo e como era bom viver.

Suas cores traziam-me felicidade, seu canto lembrava-me a textura gostosa das brincadeiras de criança, a sua liberdade lembrava-me de um amor dado sem medo por mim.

Tornamo-nos amigos de graça, fácil como me apaixonei pelo pôr do sol.

Ele sabia ser uma companhia agradável, sabia como conquistar corações...

Quando se acomodava em meu ombro, eu sabia que um mundo simplório me era suficiente, e que o que diferenciava um voador de um sonhador era um mero par de asas.

Eu amava aquelas tardes, amava saber que eu podia muito mais do que acreditava ser capaz, que eu podia conquistar a quem a liberdade conquistou, que eu podia brincar com o que parecia impossível, que eu podia voar...


[...] Eles passarão, eu passarinho. Mário Quintana

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Mélodie



Eu sigo não como sempre, no meu mundo de cores.

[...] Ele sabe tocar a melodia certa do meu coração, sabe dançar no tom, cantar no ritmo certo dos seus - dos meus - próprios pés. Eu nem sei se me preocupo mais. Se a vida é bela meu bem? Não sei não, eu nem sei não, ou talvez saiba e não queira dizer... Porque pra mim o que importa não são essas caixinhas sensíveis onde se colocam conceitos e definições, o que eu amo as palavras não definem, não definirão. Pois é, pois é, é o que acontece quando você passa e toma os meus sentidos e perdidos de mim, meu bem, meu bem...

Um sax, um violoncelo e um violão, pra fazer verdade tanto amor, e assim talvez eu não queira mais tanta coisa. Poucas coisas, alguns alguéns, e misteriosamente um grande sentido se faz presente em mim, pra levantar da cama amanhã e depois ficar em qualquer lugar lhe admirando o brilho dos olhos.

Deus meu, Deus meu, será que é loucura exagerar em amor, não pregar os olhos na madrugada, ouvir um coração agitado saltar, um vento gélido soprando no bandulho, cantar pra longe de mim e ele escutar, saber que existe alguém que meche com certos compassos de amor que eu desconhecia?

Que eu tenha certeza quando a chuva cair pra irrigar minhas antigas canções...

Ah, o amor! Numa música de jazz...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Certaines choses


Brent Heighton, Romantic Stroll





Saia com seu sorriso da minha frente que eu quero passar. Hoje eu sou espinho. E espinho não machuca flor.

Clarice Lispector


Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor. Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo. É um universo barato.

Álvaro de Campos


Há certas coisas que não haveria mesmo ocasião de as colocarmos sensatamente numa conversa - e que só num poema estão no seu lugar. Deve ser por esse motivo que alguns de nós começamos, um dia, a fazer versos. Um modo muito curioso de falar sozinho, como se vê, mas o único modo de certas coisas caírem no ouvido certo.

Mário Quintana






[...]

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Viva la vida!




Algumas pessoas são suficientemente capazes de nos deixar sem palavras quando vão embora. Esses quilômetros que criam fronteiras invisíveis e novos nomes de cidades mudam a forma como lidamos com aquele sentimento que nos aperta o peito; percebemos o quanto não estamos preparados para nos separar, mesmo que um pouco, das pessoas que amamos.

Bem disse Mário Quintana que a amizade é um amor que nunca morre... Como eu acredito piamente em cada uma destas palavras...

Tenho aprendido que a distância um pouco maior não é o fim, é apenas um novo começo. E toda história precisa de novos começos.

O filme que carrego comigo ainda não encontrou desfecho, na verdade ainda precisa de alguns anos de cenas, será que você ainda pode protagonizá-lo comigo?

Lembrando de tudo o que passamos juntas, das conversas no telefone, das risadas, dos choros, das longas exposições de opiniões, das críticas á sociedade, das noites em claro, dos mistos-quentes, dos comentários sobre roupas e sapatos, das dificuldades, dos sonhos, das mudanças, dos inúmeros cremes para cabelo, dos cheiros, das saídas, dos medos e principalmente do nosso Deus...

Eu dedico este texto a você, Suellen Rosa, porque eu a amo muito.

domingo, 20 de junho de 2010

Pois é



Trago no peito um desassossego nada modesto e um ritmo que me complica. Canto mesmo até perder a voz e grito quando meu coração decide saltar em euforia. Eu choro mais do que queria e abraço mais do que deveria. Não escondo o que tenho como verdade, por mais absurda que ela possa parecer. Eu acredito no amor, seja lá a quantas vistas. Guardo valores porque acredito que eles fazem a diferença. Não sou mulher de meias palavras, mesmo não sendo de todas elas. Já me reinventei pra puxar assunto, já falei mais do que deveria e já machuquei pessoas. E ainda erro.

Eu imito pessoas o tempo inteiro e falo com a tv. Não posso ficar com sono, é prejudicial à saúde alheia. Sou leal. Gosto de aprender com os meus defeitos e amo a ideia de ter sido criada com inusitados dons. Falo na frente do espelho e mecho o tempo inteiro nos meus pés. Não sei fazer minhas unhas. Não nasci para o futebol e ele não nasceu para mim, definitivamente. Ás vezes sou e não quero ser, ás vezes não sou e quero ser. Gosto de desfiles militares. Eu me apaixonei por um azul abobadado acima de mim, e ainda me apaixono, todos os dias. Gosto da chuva em dias ensolarados e quando estou triste um fim de tarde pode mudar tudo.

Gosto dos dias em que assisto uns dez filmes e daqueles em que leio um livro inteiro. Não sei apenas ouvir uma música, eu fecho os olhos, danço, levanto as mãos, canto junto, ou o encanto parece se perder no ar. Eu canto quando cozinho, converso comigo mesma e solto sorrisos avulsos antes de dormir. Sou livre por natureza e também por opção. É fácil tirar-me um riso. Não sou boa com frases feitas. Eu sento no chão e abro portas de banheiros públicos com os cotovelos. Não sinto falta de computadores. Sinto falta do meu travesseiro. Eu pertenço a Alguém, e sou completamente dependente Dele. Não me dou bem com pessoas arrogantes e me irrito com pessoas que não respeitam nada, nem ninguém.

Viajo nos meus pensamentos refazendo cachos com os dedos. Sonho em pé, acordada, sentada. Amo demais minha família. Sou dona de uma personalidade enérgica. Eu me importo com o que as pessoas dizem. Não me sinto a vontade frente à câmeras, mas falar em público não é difícil para mim. Tenho poucos amigos e os amo exatamente como eles são. Sou jovem e idosa por pura essência, sempre a fui, sempre a serei. Não vou a enterros. Não odeio nada, não amo tudo, adoro um único Alguém. Em dias maus eu me escondo em casa. E em bons dias eu ainda amo estar em casa. Cor, amor, verdade.

E que não se acabem as frases...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Gratchê!


Sei é que eu deveria estar em todos os lugares em que já estive, que deveria ter falado o que falei, que meu silêncio fez-se necessário, que os meus infindos sentimentos deveriam ser saturados como foram, que minhas lágrimas foram necessárias e que meus risos foram suficientes. Eu não deveria fazer nada diferente, todos estes (aparentemente insignificantes) detalhes levaram-me até aquele lugar, foram os responsáveis pela imensidão que sinto pulsar dentro de mim; eu nem deveria entender, mas entendo, e isto só me é possível através da graça, e nada mais.


[...] Que eu não me acostume as Tuas grandiosas surpresas.
.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

With you

Primeiro dia pós feriado, o relógio marca pontualmente 22:oo h e a certeza que bate em meu peito é que não há outro lugar onde eu queira estar, não há.



domingo, 30 de maio de 2010

Pátria amada?

Brada Brasil e cante seu hino de glória: É hexa! Agora é hexa! Erga sua bandeira, vista o verde-amarelo, compre uma nova tv. Faça os moldes das bendeirolas, mande para os vizinhos, vamos enfeitar a rua. Brasil, Brasil, Brasil, tu és maior que um título de copa.


No primeiro dia de cada ano ela coloca o Hino Nacional para tocar; o som do vinil sendo descoberto a cada giro toca fundo no que eu conheço por patriotismo. Não fosse para menos, não perde as paradas de Sete de Setembro e chora quando se vê no dia da Independência do Brasil, não é aquela verde-amarelinha somente de quatro em quatro anos, ela ama de fato este país; minha bisavó é o que eu entendo por nacionalismo.

Algumas coisas são herdadas; ainda fico chateada quando perco um desfile militar e amo o hinos brasileiros, mas devo confessar que não sou uma fã assídua como é minha bisavó, na verdade, nem chego perto.

Passou da bisa para o meu pai, e não fosse para menos, uniu-se com a profissão de minha mãe. Eu cresci metade em casa, metade em quartéis, admirando aquelas fardas, continências e não-me-toques (que minha mãe não leia isto). Então, eu tinha dois caminhos a seguir, ou não seguia às influências familiares, ou tornava-me eu.

Acho que decidi ser eu.

Gosto da copa, gosto das comemorações brasileiras (militares e não-militares), o que me frusta é ver que as pessoas só lembram que o Brasil é magnífico nestas épocas; o patriotismo floresce misteriosamente de quatro em quatro anos, quando as propagandas de cerveja mechem com nossos instintos nacionalistas e quando tudo quanto é banco torna-se o amigo para todas as horas...

Uma dose de bisa, vá.

domingo, 16 de maio de 2010

Anteontem

Na verdade, quem de fato se preocupa?



Eu via os vídeos, as reportagens, as entrevistas, as músicas, emocionava-me naquele momento, mas continuava caminhando, não da mesma forma como antes, porque estas coisas mechem com as pessoas que têm ao menos um pouco de coração, mas eu continuava caminhando, até conseguir esquecer. É como quando aquele homem com o olhar triste, encostado em uma parede suja do metrô, com as roupas surradas e com um cheiro desagradável olha no fundo dos meus olhos e eu consigo desviá-los, pensando no que vou preparar para comer quando chegar em casa.

Ainda dou moedas para aqueles meninos que "cuidam dos carros", ou para aquelas pessoas que ficam largadas ali na rua, esteja calor, esteja frio, mas será que é o melhor que posso fazer? Anteontem acho que eu finalmente quis abrir meus olhos para uma realidade pela qual eu também sou responsável, afinal, por que eu preciso gastar 600 reais por mês para encher o armário de Sucrilhos e biscoito recheado, enquanto pessoas morrem (elas morrem!) por não terem o que comer?

Não sei se a partir de hoje vou começar a fazer compras e dar às pessoas que passam fome, mas sabe, eu quero fazer as coisas diferentes de como fiz até aqui...

Não estou tentando pregar o comunismo, dizendo que os ricos devem dar o que lhes sobra para aqueles que não tem nada, só estou tentando, pelo menos para mim, resgatar o amor que vem se perdendo a cada minuto: o amor pela vida.

Envolvi os pés com as meias, bebi um pouco de água, desliguei a luz e deitei na cama. Era uma noite fria. Fiquei pensando: Eu tenho uma cama e um edredon, acabei de tomar banho em um chuveiro quente, com roupas cheirando a amaciante... Tantas pessoas não têm água para beber. E fiquei pensando, só pensando. Dormi.

Passei todo o dia de ontem assistindo televisão. Filmes em que foram gastos milhões de dólares. Se eu sentisse fome, tinha comida no armário, na geladeira, a fruteira estava cheia e minha mãe ainda tinha deixado um trocadinho para eu comprar aquele bendito pão-parmesão. E então eu me lembrei da noite anterior, enquanto assitia uma entrevista a um jornalista brasileiro muito famoso. Ele dizia: Se você quer fazer uma boa reportagem (uma reportagem que faça sucesso, em que seu nome seja reconhecido), conte histórias de superação de pobres, de crianças que passam fome, de conflitos em favela e de projetos sociais; claro que não explicitamente, porque ele se preocupa com o sentimento alheio, mas foi exatamente isto que ele quis dizer, e perdoe-me, meu caro jornalista, se eu peguei a tua mensagem subliminar entre as frases.

Engraçado... Todo mundo pensa nas coisas que eu estive pensando nos dois últimos dias, as pessoas geralmente se interessam por aquilo, mas na hora que desligam a televisão e voltam para a sua realidade, para elas (em maioria) triste realidade, elas esqueçem de tudo. Eu esquecia de tudo, não quero mais esquecer.

As coisas não estão certas dessa forma.


Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. (João 15:12)





terça-feira, 4 de maio de 2010

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Hoy lo que quiero hacer es amarte, amarte solo.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

clave de sol


[...] Quão doces são os Teus acordes.




sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ah eu sei lá..


Quando nos vermos outra vez, dá-me outro beijo. Não permita que eu esqueça do calor dos teus braços, da proteção dos teus abraços, nem daquele frescor que meu cabelo guardou.

Não precisa dizer nada, porque com o tempo eu aprendi a ler as palavras escritas em teus olhos, eu posso traduzí-las, uma a uma, com meus próprios sentimentos.

Sei que existem muitas coisas que ainda não encontramos e sonhos que ainda não realizamos, mas hoje não levanta daqui para correr atrás de nada. Fica comigo, assistindo o dia passar por entre as nuvens.

Por hoje, seja só meu, e por completo. Porque amanhã vamos demorar para nos encontrar novamente...

Carrego você no peito; faz meu coração bater acelerado, poesia em forma de música, sentimento em forma de gente, sim.

Quando eu sinto você aqui comigo, não importa mais tanta coisa. Parece que o mundo não pode nos alcançar e que eu encontrei um lugar, no coração de alguém.

São raros amores como este, que ultrapassam os quilômetros e as faltas que o tempo nos dá.

Amor insensato, arrebatador, transcendente, surreal. Amor verdadeiro, progressivo, aventureiro. Amor puro, acelerado, intenso.

E você ai...Eu aqui, sentindo este coração agitado querendo sair-me do peito, à procurar por entre as ruas aquele que o faz pulsar de forma inimaginável, singular; aquele que possui o compasso certo.

Sim, nós vamos viver todas as nossas loucuras e rir mais do que nos imaginamos rindo. Ah! vamos cantar ainda em muitos lugares e nos encantarmos e desencantarmos mais uma porção de vezes.

Vamos nos apaixonar amanhã de novo e talvez no outro dia não, até bater a saudade, que vem para dizer que quando a gente ama não tem jeito, ou lugar certo, o corpo se torna pequeno demais para guardar tão vasto amor.

Ainda vamos nos descobrir e redescobrir; cada parte, cada detalhe, cada imperfeição e cada perfeição divinamente construída para se encaixar naqueles sonhos que nos inundavam no profundo das noites.

Hoje eu toda tua e você todo meu. Amanhã deixe que Deus nos permita outro encontro...


Como eu amo você!
À Suélis e Mário Jorge

quarta-feira, 24 de março de 2010

He


Ele se esconde atrás de uma armadura de papel de seda, acreditando ser ali o lugar onde palavras não vão atingí-lo e onde o mundo não poderá encontrá-lo. Todos os dias, pela manhã, ele encara seus próprios olhos no espelho e não encontra aquele homem que queria encontrar; aquele que fala dos seus sentimentos, que conta seus anseios, que chora quando quer chorar, que conversa com as pessoas, que acredita em tudo aquilo que planeja no caminho para a faculdade, que sorri porque de fato há alegria, que canta melodias repletas de verdades vividas, que toca como se ouvesse ali a mais bela obra inventada, que abraça as pessoas na tentativa de prendé-las a ele...

Vai até aquele amontoado de roupas sóbrias, escolhe esta e aquela peça, senta-se na beira da cama, amarra os cadarços daquele tênis surrado, encara-se mais uma vez no espelho, toca os cabelos, esborrifa aquele líquido marcante com notas amadeiradas no pescoço, coloca sobre um ombro a alça da mochila e deixa aqueles amontoados de papéis lhe tocarem os quadris, procura o tefefone portátil e o conjunto de chaves, abre a porta do quarto, fita-o pela última vez e sai tintilando com as chaves até a sala, um beijo e a rua.

Sentimentos e pensamentos. Tudo o que ele quer é fugir dele mesmo naquele momento. Sem culpa, sem mágoas, sem palavras não ditas, sem som, sem medo.

Alguém lhe toca o ombro, ele se vira para trás. É um homem de pele clara, com cabelos compridos, amarelados; não fala nada, apenas sorri; lhe estende a mão, que envolve um pequeno papel dobrado, ele toma o papel para si, sorri, não consegue perguntar sobre o que se trata, aqueles olhos... Um carro passa. Quando olha novamente na direção do homem, percebe que ele não está mais lá, fôra embora com mesma rapidez com que aquele carro passara, como? Não importa.

Quando desfaz a única dobradura do papel, vê pequenas palavras escritas a mão, em letra de forma, onde lê: Escreva sua própria estória. Atravessa a rua. Guarda o papel no bolso direito. O que o escritor daquele papel queria dizer?

Suas mão estão geladas e seu braço arrepiado, há alguém caminhando ao seu lado direito. Ele apenas sente. Sabe muito bem quem é aquele que acompanha seus passos e suas batidas aceleradas no peito, conhece aquela presença, aquela imensidão de amor, de paz, de força. Não há o que dizer, apenas um sorriso basta, "olá" é o que significa para os dois. Outro sorriso, este é diferente; não é um sorriso humano, não expressa um alegria humana, nem qualquer sentimento humano, é completo, repleto, largo, brilhante, expressivo e amigo: "Olá."

O dia passa semelhantemente aos que ele têm visto desde o começo do mês. Pessoas, abraços, aulas, documentos, mais pessoas, conversas divertidas e um vazio descomunal que ele não sentia há muito tempo. Aquele homem continua ao lado dele, sem pronunciar qualquer palavra, não há um sorriso em seus lábios; ele está olhando para o rapaz à sua esquerda, com um olhar firme, companheiro, sincero. Lembranças invadem o rapaz. Saudade. O homem ao seu lado o envolve em seus braços; é alto, robusto, com aparência experiente, não há preocupação, nem cansaço, é vivo como os olhos das crianças.

"Tira-me daqui, Pai. Leva-me de volta àquele lugar onde tudo começou, onde eu me apaixonei. Onde eu pude Te sentir, Te tocar. Aquele lugar onde conversávamos e eu lhe contava tudo aquilo que meu coração nunca disse para ninguém. Sinto saudade; saudade de ajudar as pessoas, de compartilhar palavras que tantas vezes o Senhor compartilhou comigo sobre elas. Tenho saudade dos versos que eu escrevia. Eu me perdi dentro dos meus problemas, Senhor. Quero voltar à superfície, vencé-los, um a um, não deixe que eu me afogue outra vez. Não quero andar por lamaçais, me envolver com um passado distante. Eu quero somente aquele primeiro amor, que me fez estar perto de Ti e Você perto de mim. É tudo o que eu mais quero." Disse envolto por aqueles braços acalentadores. O silêncio. Foi interrompido por um som agudo que o levava de volta a um retângulo de mais ou menos 60 metros quadrados, o dia já se despedia.

Voltou para casa. Abriu a porta, deixou aquele cheiro de lar lhe invadir os pulmões, foi até a cozinha, bebeu um copa d'água. Estava sozinho. Deixou as chaves sobre o criado mudo e a mochila sobre a cadeira da escrivaninha. Deitou na cama e adormeceu.

O sonho que teve mudaria sua vida para sempre. Ele viu a estória que deveria escrever. Era sobre um rapaz que se escondia atrás de um escudo de papel de seda, chamado autosuficiência...

Ele pôde encontrar aquele homem que não enchergava no espelho. Estava dentro dele mesmo. Ele apenas não sabia.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ontem


Guarde-o em você e não permita que ele escoe pelas vielas por onde caminhas, afinal, somos feitos de memórias, não daquilo que ainda não vivemos.

Existe este momento, em que eu não encontro mais antigos sorrisos e não mergulho mais nos mesmos abraços, momentos que trazem aquela sensação nostálgica, capaz de apertar o peito o suficiente para que as lágrimas transbordem. Sinto-me impotente, por não poder parar o tempo e viver novamente aqueles momentos que acalentavam o meu coração.

Sim, eu sei, que o futuro logo à minha frente me espera com novas perspectivas, cheio de adrenalina, lágrimas, gargalhadas e situações... Digamos engraçadas, para não ser trágica; sei que posso desfrutar da minha memória e rever capítulos importantes para mim... Mas, especificamente hoje, isto não parece suficiente.

(Não se engane, isto não é uma reclamação, é só um traço de insatisfação por não poder viver todos aqueles momentos novamente.)

Devo confessar: Meu passado me marcou mais do que deveria ter marcado. Engraçado que é como a mistura de pequenos amores, que por vezes, você sente saudade. Ri, chora, fecha os olhos, lembra, devaneia, dorme. Acredito que não há como esquecer os momentos que marcam este baú individual. Engraçado. Eu não queria que eles fossem esquecidos, apesar deste misto de sentimentos não sei como, nem por que, mas parece que lembrar de tudo o que já passou nos impulsiona para frente, como gotas de esperança... Mais algumas histórias para lembrar quando eu deitar na cama, naquele momento em que os olhos querem fechar e as lembranças não os deixam, aquele momento em que você está prestes a mergulhar em um escuro profundo, que durará horas... Talvez.

Ah! vontade de me deliciar com os beijos e abraços, com as lágrimas e sorrisos, com as saídas depois do almoço, com o mais incrível sorvete da terra. E de ficar mais um pouco lá atrás, em câmera lenta, sugando cada segundo e gravando cada pedacinho na memória, para deitar na cama no dia seguinte, lembrar de tudo com devera saudade e mesmo com tantos sentimentos concluir que tudo valeu a pena.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Simples assim


[...] Hoje, que eu não sou lá mulher de amanhã.
Agora, que talvez eu não tenha o depois.
Assim, que as outras formas são indefinidas demais.
Tarde, que não há momento mais misterioso que o de transição.
Deus, que os sentidos humanos nos traem.
Pessoas, que a individualidade é algo extremamente criativo.
Observar, que a língua pode ser traicoeira.
Alegria, que não há melhor estado de espírito.
Lágrimas, que palavras não expressam o suficiente.
Olho no olho, que internet não revela intenções.
Cores, porque elas contagiam a alma.
Esperar, que o tempo é um bom presenteador.
Amor, que todo bom sentimento nasce dele.
Vida, que nela eu posso ser eu e mais ninguém. [...]

"Mas, amanhã, talvez nada disso seja real, afinal, mudar é o que nos leva adiante."

segunda-feira, 1 de março de 2010

Com champignon

Esta é uma história de amor, embora algum leitor possa protestar que instintos menos nobres o dominem. Envolve uma mulher, um homem e um sentimento entre os dois. Se não quiserem chamá-lo de Amor, tanto faz. Uma rosa com outro nome teria o mesmo aroma etc, etc.

Encontram-se em frente ás sopas enlatadas. Ele examinava uma soupe a l'oignon, ela pegou distraidamente um creme de lagosta, bateu no braço dele e deixou cair a lata. Desculparam-se mutualmente; sorriram-se, e em pouco tempo estavam conversando. Sobre sopas, a príncipio - à medida que percorriam as prateleiras - sobre outros interesses comuns, sólidos e líquidos. Quando chegaram aos queijos, já tinham descoberto várias afinidades. A principal era um gosto pelo champignon que beirava a paixão. Os olhos dos dois brilharam quando descobriram isto. O ar se carregou de eletricidade quando seus olhos iluminados se encontraram e a conversa era sobre champignon. Se era Amor ou outra coisa, que importa?

Devo esclarecer que nem ele nem ela eram jovens. Estavam naquela idade crepuscular onde o espírito está disposto mas a carne já vacila, e o senso do ridículo intercepta o desejo para frustrar qualquer paixão além da mesa. Mas ainda havia, nos dois - como uma débil chama sob a caçarola, só o bastante para manter morno o molho, mas longe de ebulição - um saudável apetite pela vida. Ou, pelo menos, a morna memória de um apetite.

- Conheço uma receita de champignon... - disse ela, baixando os olhos como uma provocação.
Ele chegou perto para superar.
- Como são?
- Recheados.
- Mmmm.
- Só me faltam trufas para completar a receita comme il faut. Nunca encontro trufas...
Ele olhou para os lados antes de dizer no ouvido dela:
- Tenho trufas na minha casa. Da França.
- Não!
- Talvez um dia pudéssemos...
- Meus champignons recheados finalmente com trufas! É um sonho que tenho desde que...
- Desde que?
- Desde que meu marido morreu.
Ele engoliu em seco. Estavam na seção de bebidas.
- Seu marido tinha trufas?
- Não. Não é isso... - Ela parecia alvoraçada. Pegou uma garrafa de Grand Marnier para disfarçar seu embaraço. - É que comecei a cozinhar depois que meu marido faleceu. Para encher o tempo. O meu grande prato é o champignon recheado. Mas nunca fiz com trufas.
- Há quantos anos você...
- Sim?
- Está sem trufas?
Ela estava rubra como um rabanete por fora.
- Doze anos.
- Curioso. Nos cinco anos desde que minha esposa faleceu, recebo trufas regularmente, de um sobrinho que mora na França. Mas, fora um ou outro molho, que minha cozinheira invariavelmente estraga, não sei o que fazer com minhas trufas...

Alguma coisa pairou sobre o silêncio que se fez entre os dois naquele instante. Alguma coisa ainda disforme, a sugestão da sombra da possibilidade de uma idéia. Não podiam ter certeza que daria certo. Às vezes está tudo conforme a receita - Champignons dos grandes, recheio de queijo, a manteiga e o creme para o molho, as trufas acrescentadas ao molho antes de gratinar - e não dá certo. Mas como saber, sem provar?

Esta história tem dois finais, à escolha do leitor. Doce ou amargo, como as sutis variações da cozinha oriental. Num final ele pergunta para ela "Você quer?" E ela faz que sim com a cabeça. Então ele pergunta: "Na minha casa ou na sua?" E ela responde: " Na minha, porque eu conheço a cozinha..." No outro final, os dois se despedem, nunca mais se vêem, e o espectro de uma possível sauce com trufas perfeitas para os champignons recheados fica vagando entre as prateleiras, por todos os tempos.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mesa voadora


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Assim, feita pra mim



(...) It´s my life. It´s now or never.
Bon Jovi - IT´S MY LIFE
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Eu vagaria pelas ruas quando a chuva calasse. Correria com as mãos abertas em meio à imensidão verde. Cantaria em qualquer lugar. Ficaria horas e horas andando na areia da praia. Eu me esconderia na lua. Eu cantaria na frente do sol. Tocaria em cada som, tom. Deitaria no peito de alguém amado e adormeceria com o som que vem lá de dentro. Tamparia meus ouvidos para ouvir Tua voz. Eu dançaria com o vento se ele novamente me estendesse a mão. Conversaria com o tempo. Eu ficaria horas apenas observando pessoas. Oh, sim! Eu perderia horas e horas, dias e dias com todas estas coisas...







quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sonância


Há um dedilhar de violão que não cessa. Som capaz de envolver ações e emoções nas quais eu me intitulo dona; acordo, canto, danço, escrevo, canto, sorrio, choro e durmo com ele aqui. À cada nota mais grave, meu coração bombardeia, com intensidade, mais vida por este corpo e nos momentos que as notas atingem o céu, ele por instantes, descansa. Sei, é loucura, mas a música reina aqui. Há um cantor que fala através dela, é ele o autor de tão delicados sons, agora, meus sons, atrevo-me a dizer.

Com ela, eu sou capaz de conversar com as estrelas, de apaixonar-me pela luz que elas trazem quando a escuridão que revela a lua vem tomar o dia que foi-me dado. Não que tudo isto seja um presente só meu, mas porque talvez eu queira tomar para mim o pedaço que me é permitido...

Hoje as nuvens choraram, fazendo transbordar a grama ali na frente, fazendo cada flor embriagar-me com este cheiro que trás paz, transbordando as ruas, limpando os vidros das janelas, batendo com força no chão, dando descanso à estes olhos por alguns minutos.

Agora, aparece ele novamente, extrovertido como sempre, o sol, trazendo para perto de mim esta aliança colorida, arco-íris. Se ao menos o pudesse tocar... Para embalá-lo neste som que arde aqui, dentro de mim.



(...) I want to know, have you ever seen the rain? Comim down on a glorious day?
Creedence Clearwater Revival - HAVE YOU EVER SEEN THE RAIN?









sábado, 20 de fevereiro de 2010

THIS TIME


Já é quase outro dia, especificamente, quase domingo. Aquele corpo ainda jovem está deitado na colcha colorida com flores, debruçado, quase que em entrega, sobre aquele livro eletrônico. Seu coração quer dizer uma porção de coisas, mas poucos ouvidos são capazes de ouvir. Afinal, as coisas ditas pelo coração raramente são ouvidas por quem somente fala com a língua.

Certamente, a jovem a quem me refiro não tentará explicar esta outra forma de linguagem. Talvez porque hoje, as explicações não tenham tanta importância.

Hoje as palavras ganharam significados diferentes e os sentimentos novas cores. Hoje os pássaros cantaram diferente e o céu escondeu algo em seu sorriso. Hoje foi um dia diferente, limita-se ela a definir.

O que a levou a esta página foi seu músculo pulsante, gritante. Entusiasmado para lançar sobre estas negras teclas sentimentos ocultos e sons mudos. Só duas pessoas neste planeta poderão entender os relances coloridos em sua mente e as gotas que escorrem de seus olhos. Só eles dois conhecem a intimidade e a conexão de palavras não ditas. Talvez tenha sido ele o mestre a ensinar esta outra linguagem, a linguagem do coração.

Acredite, os dedos adormeceram, a mente flui sozinha, agora, o coração escreve.

O que eu queria? somente este momento.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

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Sem sonhos, a vida não tem brilho.
Sem metas, os sonhos não têm alicerces.
Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais.
Augusto Cury


( fora do ar )
' graça e paz.


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

COLOR


Imponente entre o azul, rodeado por mutáveis algodões brancos, como a mistura de todas as cores. Cintila e reluze sobre qualquer cabeça, sem preconceito, sem prepotência e sem maus sentimentos. Não tento mais contar as infindas vezes que ele foi o instrumento usado para acertar as notas certas do meu humor. E coloriu-me, colore-me, colori-me-á em todos os dias que eu por instinto ou por última opção olhar para este antigo azul.

Foi-se o tempo que eu me angustiava quando o cinza tomava o colorido por cima de mim; hoje sei que depois de um ou mais dias nublados, lá aparece ele novamente, impetuoso, mostrando sua face reluzente outra vez...O sol.

Quantas vezes você molhou sua mão em um pouco de tinta e atreveu-se a encostá-la em uma parede virgem? Já sentiu a sensação dos dias subsequentes, quando você olha para aquele marca e diz: Eu fui capaz de dar um pouco de cor...? Acredito ser a mesma sensação que o astro maior sente quando no crepúsculo ele permite que as cores ressurjam do obscuro. E deveria pensar: eu dei um pouco de cor...

Existem vários soís espalhados vagando por este mundo afora, colorindo um pouco a nossa vida, a nossa essência, a nossa alma, o nosso caminho... Provavelmente eles não brilham todas as manhãs e tardes no céu; são mais discretos do que nos limitamos a crer.

Que possamos estar suficientemente preparados para que alguma cor em nós ressurja quando os primeiros raios sondarem as manhãs da nossa existência ou que possamos permitir que algum Grande Artista molhe suas mãos em um pouco de tinta e deixe gravado em nós aquela marca, porque um dia o cinza cede ao azul e a luz penetra a alma.



sábado, 9 de janeiro de 2010

alegra-te

O olhar, resultante daquela luz que se acende no seu íntimo disposto a tudo o
que aparecer em busca de um ideal, é o olhar do amor.
Wânia Beatriz Matos


Hoje eu senti esse vento gostoso que dança por estas regiões do planalto central por boa parte do meu dia. Ele dançava com cada fio de cabelo meu e foi capaz de trazer mais humanidade para este coração tão cheio de sonhos, anseios, amores e segredos.

Eu vi que não é raro encontrar pessoas que se preocupam de fato com os outros. Ficava fitando aqueles rostos, a maioria desconhecidos e me permiti imaginar o que cada um sentia, o que cada cabeça matutava, o que aflingia e alegrava cada um, o que cada palavra queria de fato significar. Ainda é cedo para conclusões; mas não para ver, sentir ou perceber que o verdadeiro amor ainda reside em corações que se entregam de forma tão...heroíca.

Nunca é tarde para crer...

P.s: Viajando, dia 23 estou de volta.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Amor maior que eu


Não tenho mais conhecimento dos momentos em que me perdi dentro de mim e encontrei Você. Certamante é estranho pensar que dentro de cada pedaço de mim há Você, como digitais deixadas no momento em que eu ainda estava sendo formada. Anima-me pensar que Você se preocupou em deixar os detalhes espalhados pelas esquinas e vielas, sabendo que em algum momento eu me apaixonaria por eles.

Vejo-me pensando em como é bom olhar para todas essas letras, números e símbolos e poder escrever qualquer coisa, com ou sem sentido, mesmo que a maioria das coisas que tenho vontade de falar não se expressem por palavras. Formo frases do amor que sinto por Você e por Tuas criações. Essa falta de sentido me encata sobremaneira.

Todos os dias, mesmo nos piores, eu sei que Você está ao meu lado; falando, cantando, mostrando, criando, mesmo nos dias como hoje em que o céu está nublado, assim como meu humor. Naqueles dias em que eu prefiro ser Lua, estrela, Sol ou qualquer coisa; Você sempre está presente.

Nunca encontrei alguém, por mais marcante e interessante que seja, que consiga me prender de tal forma. Nunca encontrei nada que se compare à tanta beleza e à tanta verdade. Em todos os lugares que fui, com todas as pessoas que já conversei, em todos os livros, em todas as músicas e em qualquer sonho, nada se compara à tudo o que Você consegue fazer; isso é o que me faz acreditar, me faz persistir, me faz chorar, me faz gargalhar, me faz dobrar os joelhos e colocar a cabeça no chão, me faz esquecer do que passou e do que vai vir, me faz pensar no agora, me permite enchergar o que muitos não enxergam, faz meu estado de espírito colorido, faz a vida, faz com que eu queira tudo o que vem de Você e todas as outras coisas parecem complemento...

Obrigada por me dar tudo aquilo que amo e por saber falar, dançar e rir dessa forma...Por completar espaços que homens não podem completar. Pela autenticidade. Pela sinceridade. Pelo sorriso. Pela companhia. Pelas pessoas maravilhosas que Você coloca em minha vida. Por momentos únicos, em todos os sentidos. Pelas conversas. Por Você existir.

Eu te amo é pouco para o que eu sinto Pai.