sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Algo depois do almoço



Acredite, existem mais razões pra ser feliz que para ser triste. Acredite, a vida sabe ser bela em suas complicações. Acredite, as pessoas te amam mais do que você consegue acreditar. Acredite, amor é uma coisa mais complicada do que se calcula. Mas ele é a maior inspiração pra tudo que se pensa, pra tudo que se faz, pra tudo o que você é.

Acredite, metade de tudo o que você vê no mundo não é pura verdade. Acredite, você pode mudar as coisas. Você se sente uma pequena pedrinha no oceano? Bem vinda ao time daqueles que ainda não conseguem acreditar no potencial que têm. Não sabemos o quanto uma pedrinha pode influenciar no curso de uma corrente.

As vezes fazer nada é fazer tudo.










Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar nos sonhos que se têem
ou que os seus planos nunca vão dar certo
ou que você nunca vai ser alguém...
Renato Russo














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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

É quinta feira de novembro



O dia acabando, terra do Pão de Açucar e Cristo Redentor, cabelo meio solto, acabei de colorir as unhas, cheiro de algo bom vindo por ai, Angel persistindo no violão, uma paz que sem querer vem fazer parte de mim. Eu fico aqui sem querer e sem saber o que fazer.O tempo passa, as flores crescem, os cabelos caem, Ele me ama mais.

É só mais uma tarde do fim de novembro pra um monte de gente. É só uma data de aniversário, o dia que a conta vence, o dia que o namoro acaba, o dia que cai o primeiro dente, o dia que o sorriso marcou, o dia do abraço, o dia de surpresas, o dia de querer ser mais alguém, mais de ninguém, ou de alguém. Talvez um dia pra se apaixonar, pra sorrir, pra cantar, pra escrever, pra aprender a tocar.

Pra mim é só dia de ser eu.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uma pequena parte



Lembro dos preparativos de um grande dia em minha vida. Eu entraria naquele avião sozinha, eu teria que administrar o dinheiro pra não faltar no fim do mês, a rotina se tornaria diferente, as pessoas eram singulares, de todos os lugares do Brasil.

Enquanto filmava aquelas nuvens já negras do avião ficava pensando em tudo aquilo para o qual eu não estava pronta. Pensava em minha ignorância pra tudo que viria e na verdade eu estava indo pra lá como uma criança que precisava aprender algo que não sabia o que era. Pensava no clima que eu não conhecia, na vida que eu não tinha, nas palavras que eu ouviria, nas risadas que daria e nas lágrimas que rolariam dos meus olhos. Nada foi como imaginei durante aquele voo de aproximadamente uma hora e meia.

Estava pisando em solo curitibano e não encontrava minhas malas na esteira do aeroporto Afonso Pena. Atrasei alguns minutos pra encontrá-los do outro lado daquelas portas de vidro, mas eles estavam lá. Reconheceram a minha cara um pouco assustada, cheia de expectativas.

Fui a penúltima a chegar no quarto. A última chegaria um pouco antes do primeiro café da manhã naquele lugar. Quando finalmente deitei na cama e olhei para aquela grade de madeira que eu veria durante três meses   foi instantâneo pensar: O que estou fazendo aqui?

Não sei se, faltando alguns dias para acabar este tempo, já consigo encontrar a resposta. Eu já pensei a ter encontrado muitas e muitas vezes, mas é sempre mais do que imagino. Sim, é tempo de plantar sementes, de responder a um chamado, de aprender, de fluir, de ser transformada. Mas amanhã eu descubro um motivo que até agora não conhecia e, sabe, isso faz esse tempo ser incrivelmente inesquecível.

Lembro de tantos pequenos detalhes. Olhares, lágrimas, danças, gargalhadas. Eu lembro das conversas, das chatices, das confusões, das chateações. Já foi mais, muito mais do que eu poderia ter imaginado.

Eu lembro Pai, dos dilemas que invadiram minha mente, eu lembro dos dias que eu queria fugir do mundo, que eu queria correr pra um abraço que eu não conhecia. Eu lembro Pai, de tudo o que você me disse, de tudo o que você mostrou, de todo o amor que você me deu e gerou em mim.

A inexperiência fez de mim um pouco mais aprendiz. E me tornar aprendiz me fez perceber que em algum aspecto eu ainda continuo inexperiente.

A vontade de fazer algo que fosse grande me tornou medrosa, mas o amor que lança fora o medo me mostrou que pequenos gestos são suficientemente grandes em si.

O cheiro que inundava as minhas narinas não era o cheiro que eu poderia por completo exalar de mim. Existia algo mais para dar e esse algo era eu mesma.

Primavera foi esse tempo. Tão lindo quanto as flores que eu tanto admiro. Tão singular como o cheiro que cada uma delas exala. Tão perfeito quanto é o Criador delas. Tão cheio de surpresas como são os espinhos daquelas que as tem.

Tempo de ser eu. Tempo de descobrir quem sou eu. Tempo de ser Tua. Tempo de descobrir quem é Você. Tempo de amar quem está ao meu redor. Tempo de simplicidades grandiosas. Tempo de muitas lágrimas.

O pior de tudo o que já passou é saber que nada volta mais. O melhor, no entanto, é saber que me esperam logo ali na frente perfumes que eu não senti, sonhos que eu não sonhei, pessoas que eu não conheci, momentos que eu não vivi, mistérios que eu ainda não descobri.


Fez, faz e fará valer a pena.











As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. 

1 Coríntios 2:9b

domingo, 30 de outubro de 2011

Terra carioca

Aqui eles têm um sotaque que eu não canso de escutar,é um chiado gostoso que eles insistentemente afirmam ser algo normal. É quem disse que não é?

Eu tenho rotina, faço almoço, preparo lanche, o jantar, não todo dia e é pra mim e mais alguns. O calor e a umidade no ar. Eu olho pra lá, olho pra cá, tem morro pra todo lado, tem gente boa pra todo lado. Dois beijinhos na bochecha, eles respondem "bom dia" quando eu resolvo acordar de bom humor.

Eu vou pra praça balançar meu swing, eu vou pra praça representar, eu vou pra praça pra falar, conversar. E nessas conversas eu vejo lágrimas, eu escuto perguntas, eu vejo gente me olhando vendo em mim algo que nem eu sei ver.

O que você tem procurado? O que você tem dado de você?

domingo, 23 de outubro de 2011

JOCUM

Fazia uma tempo que eu queria escrever. Estive três meses em Curitiba e agora vou ficar dois no Rio de Janeiro. A missão? Levar a todo o mundo o que eu tenho sentido aqui dentro de mim. Eu não sei muito bem quais palavras colocar aqui. Não sei muito bem o que quero falar também.

Mas sabe, talvez tudo se resuma em uma frase: Quando você realiza os sonhos de Deus não custa para Ele realizar os seus.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Smile




O nome do filme é Mother and Child - Destinos ligados. Com ele, eu senti vontade de ser feliz de uma forma diferente. Sem delongas e tentativas frustrantes de tentar expressar-me bem, eu senti tocar em mim uma música que estava guardada e eu não conhecia em uma caixa ao lado da vitrola em minha sala de estar. Pessoas se conhecem, pessoas vivem, pessoas morrem, pessoas choram, pessoas se casam, pessoas se separam, pessoas fazem amor, pessoas fazem guerra, pessoas acreditam em algo, pessoas sentem medo, pessoas querem ser felizes. Eu, particularmente, quero uma felicidade diferente. Isto por hoje me é suficiente.



Nele confiou o meu coração.
Salmos 28:7













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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Porquês




E se me engano e digo que já fui, quando na verdade eu nem sei onde estava a andar? Eu olhava para o céu enquanto eles procuravam pedrinhas, sabia que não eram nelas que eu encontraria o que buscava. Talvez também não estivesse escondida entre as nuvens. Eu nem quero saber.

Seja minha loucura ainda mais louca e meus devaneios cada vez mais incompreendidos. Fui a errada de um mundo certo ou a certa em um mundo errado, tanto faz. Sempre gostei desses moldes que nem tão poucos são meus, apesar de muitas vezes fingir que estivéssemos brigados.

Não me pergunte mais se eu prefiro margaridas ou tulipas, porque não gostar das duas? Por que não beijar-te a boca e pela primeira vez esquecer de fechar os olhos? Eu começo a rir, você me pergunta o que foi e o que eu sei responder é amar-te, porque o que eu sei fazer é amar-te. Todos os dias e eu nem sei porquê.

Talvez eu escreva uma música, talvez eu leia só um livro de cada vez, talvez eu colecione selos. Talvez eu me perca no teu peito e não queira me encontrar. Talvez eu desista.

Eu não sei.

Já confundo o meu reflexo no espelho com as linhas que tracejei em uma folha de caderno antigo. Eu o dobrei, eu o guardei, eu o redescobri. Se encontro na ponta dos meus dedos as respostas que não quero ter, eu continuo a escrever.

A falta de fôlego que sinto não se vai com as sílabas que, sem sentido e sem razão eu insistentemente ainda estou a montar no teclado. Quero uma palheta de novas cores, quero no meu mundo mais amores, quero e não vou parar de pensar em você.

Falta-me coragem, eu sei.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Peace





Dormir no calor do Teu cangote. Descansar. Eu quero esquecer dos minutos que passam. Eu quero Teu calor, Teus braços, Teu amor.

No balanço dos Teus braços, sonhar.

Completamente apaixonada eu sou.

É amor. É tudo que sei.














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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sem título




Nesta tarde, eu gostaria de um pouco de mar. Da água salgada, da areia a esconder meus pés, daquela brisa fresca, naturalmente bem temperada, em um final de tarde, com o sol quase chiando no horizonte. Eu queria aquela melodia nos meus ouvidos, aquelas ondas que quebram para a direita, para a esquerda, para cá. Soltar meu cabelo, uma roupa leve, havaianas nas mãos. Eu queria esquecer do concreto, da cidade planejada, do coração do Brasil. E não que eu não ame Brasília, mas é que hoje, eu queria mar.

Não dormi muito bem esta noite. Tantas coisas têm acontecido comigo. Tantos novos sonhos para sonhar, tantos novos versos a escrever, tantas novas sílabas que eu não quero vocalizar, fico as cantando em secreto, parece assobio. Não sei para quem são.

Marca a página do livro. Desliga o abajur. Se esconde nas cobertas. Fecha os olhos. Abre os olhos. Fecha os olhos. Aperta o travesseiro. Vira pro outro lado. Barriga pra cima. Abre os olhos. Escuridão. Onde está o teto? Eu vejo minhas amadas estrelas. 

- Está na hora de abrir os olhos. Está na hora de sonhar.

- Mais do que já tenho sonhado?

Um sorriso.

- Sonhar de forma diferente...

[...]

Algumas pessoas possuem o dom de se fazerem importante em nossa vida sem fazerem qualquer esforço. E foi assim que ela se tornou, de alguma forma, importante pra mim.

Me abraçou. Via uma flor. Uma flor que não conseguia exalar seu perfume, uma flor que não se deixava fluir. Parecia existir uma bola em seu caule, algo que parecia estar guardado, que estava sendo acumulado ali há algum tempo.

Por mais que eu não gostasse de admitir era eu, aquela flor sou eu.

Sinceramente não sei porque estou escrevendo este texto. Não sei exatamente o que quero falar. Não sei se encontrei uma introdução, um desenvolvimento, uma conclusão. No fim, eu sei que não quero uma conclusão.

Eu quero fluir. Fluir de verdade.

Quero deixar que esse perfume escondido aqui dentro rompa seus limites e me deixe enfim respirar. Eu quero livrar-me do medo de me permitir ser feliz. Eu quero sonhar de forma diferente.

Sei o que tenho guardado em mim, sei o que não tenho deixado fluir, sei o que tem me dado medo, o que tem me feito chorar em alguns momentos, sei que, de alguma forma, me faz sonhar. Não tenho deixado que esse perfume inunde meu quarto no meio da noite e me tire o sono, as palavras, a calmaria no peito, a lucidez. Eu o tenho escondido, eu sei, o tenho escondido por muito tempo.

E talvez por isso eu queira o mar.

Lembro-me de um verão em Santos, litoral de São Paulo. Era primeiro de Janeiro e o mar estava agitado. Suas ondas subiam a mureta de proteção, invadiam o asfalto, acordavam a cidade. Eu estava no 13° andar, vista privilegiada. Conseguia ver transatlânticos lá no fundo, pequenos barcos de pesca, kaiaks. Naquele dia não. O céu estava cinza, a cidade estava suja, o mar estava furioso.

Aquele mesmo azul-esverdeado que eu namorava horas e horas na varanda, era o azul-cinzento que assustava-me e impressionava-me naquele primeiro dia do ano.

Ele fluia. Tempestuoso, calmo, de qualquer cor. Ele fluia. Não tinha medo se iria encontrar algum obstáculo a sua frente, no meu caso, alguma decepção. Não tinha medo de assustar pessoas, no meu caso, de decepcioná-las. Não se importava se fazia barulho, no meu caso, de me notarem. Não tinha medo.

Eu quero me permitir perder o sono no meio da noite, perder o apetite, ver um filme no teto do quarto, sorrir um sorriso bobo, entregar cartas, escrever novas palavras nos cantos do caderno, lembrar de um nome. Eu quero esquecer do medo. 

Um pouco de mar. Amar e saber quem.



sábado, 18 de junho de 2011

Mar



Minha mente, puro turbilhão. Sinto flores crescendo dentro de mim. Eu as vejo crescer aqui no meu peito. Onde está o oxigênio que falta pra encher meus pulmões? Perco o ar. Surge, sutil, um sorriso em mim.

[...]

Noite fria na capital. Conjunto moletom de calça e mangas compridas, meias, cinco cobertas, janela fechada, dentro de casa. Meus pés demoraram a esquentar. Abri e fechei os olhos muitas vezes. Desliguei o abajur. Não conseguia dormir. Minha mente estava inquieta. Eu estava inquieta. Pensava em tantas coisas. E tantas delas me traziam uma vontade tão grande de chorar, chorar por horas; parecia que mesmo assim eu não me livraria delas. Continuariam a doer. Continuariam a tirar-me o sono. Continuariam a incomodar-me.

Pensei nas pessoas que não tinham uma casa para onde voltarem, que estavam vagando nas ruas. As imagens que tenho delas em minha mente não me trazem nenhum conforto. Uma blusa, geralmente rasgada, bem fininha, uma bermuda, pés descalços, uma sacola, um carrinho de supermercado, uma história que eu não conheço e com a qual tantas vezes fui alheia. 

Como sou egoísta. Como sou ingrata. Como me senti envergonhada. Eu estava aflita com coisas com as quais eu não precisava me preocupar, porque meu Pai já me disse inúmeras vezes que tem cuidado delas pra mim. Parece que é cômodo ter algo a pedir antes de dormir. Parece não ser injusto. 

Enquanto estou aqui escrevendo, sinto minhas mãos geladas, as pontas dos dedos estão dormentes. Fico me perguntando por quanto tempo ainda vamos deixar que nossos corações fiquem assim. Fico aqui me perguntando por quanto tempo estaremos tão focados nas nossas coisas, que esqueceremos de ver quando elas estão acontecendo em outro lugar. Nós perdemos tantos dos nossos sonhos porque queremos que eles aconteçam do nosso jeito. Nós focamos tanto a nossa atenção em nós mesmos, nos nossos problemas, nos nossos sonhos, na nossa vida.

Certa noite, em um barco, alguns homens avistam, vindo do horizonte, um homem a andar sobre as águas. Ficam assustados acreditando ser um fantasma o que estão vendo. Alguém corre pelo barco, acorda os outros tripulantes e, atropelando as palavras, em alto tom, tenta descrever o que via, o que pensava ser aquilo. Todos eles, assustados por dentro, levantam-se e vão ver o que é. O suposto fantasma está ali na proa do barco a sorrir. Eles vão a passos lentos, procurando mostrarem-se fortes uns para os outros. "Ei, não tenham medo, sou eu, o amigo de vocês, Jesus". Pedro, o mais ousado, responde: Se for mesmo você diga-me para ir ao seu encontro. Ele responde: Vem, Pedro. Pedro larga as cobertas e se joga ao mar. Nesta hora, Jesus dá uns passos para trás, na tentativa de deixar Pedro com espaço suficiente para dar alguns passos. Pedro, alucinando de alegria, caminha até ele. A Lua a brilhar lá atrás faz com que as águas aos pés daqueles dois se torne como prata. O mar estava agitado naquela noite. Uma onda. As águas alcançam as canelas de Pedro, o medo lhe aperta a garganta e tudo o que ele consegue dizer é: Jesus, Jesus, ajuda-me! Jesus corre ao seu encontro, olha Pedro nos olhos e pergunta: Por que duvidaste? (Mateus 14:22-36)

Temos alguém para cuidar dos nossos problemas, dos nossos sonhos, de nós. Temos alguém que nos permite ter o nosso espaço, que nos permite caminhar, sermos livres. Ele dá alguns passos para trás para que possamos caminhar com nossas próprias pernas. Já viu o que um bebê estampa em seus lábios quando está andando em direção a alguém? Já viu a alegria que ele sente quando consegue acelerar um pouco mais os passos? Quando consegue equilibra-se? A liberdade nos torna felizes. E muito bem sabe Ele disso.

Eu ainda não vi um bebê que aprendeu a andar olhando para os seus próprios pés. Ele olha para frente, olha para onde quer chegar. Pergunto-me porque temos esquecido de fazer isso em nosso dia-a-dia. Por que ainda colocamos o nosso foco onde não deveríamos colocar? Se nos preocupamos com o próximo passo a dar, com a nossa capacidade em dá-lo, se vamos ou não cair, será que conseguiríamos chegar naqueles braços a uma pequena distância de nós? 

Por que Pedro tirou os olhos dos de Jesus? Por que ele não parou para observar a Lua que coloria o mar? Por que não chamou os outros para andarem com ele? Por que olhou para os seus pés e teve medo da água que chegou às suas canelas?

Por que, com uma cama quentinha, um beijo de "boa noite" ainda na testa, dentro de uma casa, com pessoas a me amarem e meu Pai, na ponta da cama, a me acariciar os cabelos eu ainda tive medo? Por que eu estava tão preocupada? Por que deixei meu coração se inquietar se Ele já tinha me dito que eu poderia pular do barco, que eu poderia andar sobre as águas, que eu poderia alegrar-me?

Buscamos tanto uma liberdade que já é nossa. E quanto mais tentamos encontrá-la, mais nos perdemos dela. Não vamos encontrá-la no nosso umbigo, nos nossos pés. Ela está nos olhos daquele que pode andar sobre as águas.

Seus olhos estão atentos em todos nós. Estamos a caminhar em um mar onde existem tempestades. Pra quem você olha quando vê a água chegando a sua canela? O que você diz? 

Quando olhamos para aqueles olhos, sentimos vontade de olhar para as pessoas ao nosso redor. Alguns sentem fome, frio, medo, outros se sentem mal consigo mesmos, com o lugar em que estão, com o que estão fazendo. 

Ele nos deu liberdade. E não a tira de nós. Corre em nossa direção e nos pega em Seus braços se O chamamos para isso. É uma luta contra Ele mesmo ver pessoas que Ele tanto ama se afundando cada vez mais, desesperadas, sem saberem o que fazer.  Ele gostaria de pegá-las em Seu colo, olhar em seus olhos e dizer: Estou aqui, eu sempre estive aqui.

Ele não é uma religião, Ele é nosso pai, nosso amigo, nosso amante, nosso mestre, nosso ajudador. Ele corre em nossa direção. Ele nos amou antes de tudo.

Que o frio não congele o nosso coração a ponto de não nos importarmos mais se outras pessoas têm olhado naqueles olhos. Que sejamos capazes de olhar menos para os nossos próprios pés. Que possamos ser como Ele é. Que descubramos quem Ele nos criou pra ser. Que águas de amor nos inundem. Que percamos as palavras muitas e muitas vezes. Que possamos enchergar a Lua a brilhar no horizonte, dizendo para nós que existem coisas que não precisamos entender. Que percarmos o ar com as flores que vemos florescendo dentro de nós. Aqueles olhos fazem isso. Só aqueles olhos sabem fazer isso.




Pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento.
Tiago 1:6

Porque se contempla a si mesmo e vai-se, e logo se esquece de como era.
Tiago 1:24

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.
Gênesis 1:26













terça-feira, 14 de junho de 2011

Em cada gotinha







Acordei completamente amanhecida. E tinha um brilhinho de sol em cada gotinha da chuva fina na manhã de hoje. Alguma coisa me diz que coisas grandiosas estão por vir. Por isso abro meu coração pra alegria, pra vida e pro Sol que acaricia e não machuca. E é nesse estado de gratidão e contentamento que qualquer pensamento
negativo que eventualmente surja, morrerá de inanição.

Marla de Queiroz











quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dia



Estive pensando. Pensando em loucura.


[...]

Acordo quando o sol ainda não surgiu nestas terras que um dia Colombo desbravou, a América. Ou a terra que falava tupi antes de Cabral resolver aventurar-se nos mares, o Brasil. Acordar é um processo, minha rotina é um processo, a vinda do astro maior é um processo. Ele sempre surge ali no outro dia, colorindo o céu em cores que ainda não consegui encontrar em lugar algum.

"Bom dia pituco" para o Bob, com cara de que o sono estava muito bom, obrigado. Desço as escadas e rua. Vou andando para a parada, tentando enchergar aquele balé invisível que desalinha meu cabelo, chacolha minhas roupas e leva-me a esconder as mãos em baixo dos braços.

Quem mandou estudar tão longe?

No ônibus os rostos são sempre os mesmos, apenas mudam de lugar. Fico os procurando por um tempo, tento contar alguma coisa, olho pela janela.

Como eu amo janelas. A janela do ônibus não é bem meu ideal de janela, mas confesso que gosto de lembrar das peculiaridades que já vi através dela. Pois é.

Fico imaginando o futuro, lembrando da minha infância, rindo de uma palhaçada alheia, olho no celular e no relógio de pulso. Mesmo horário. Volto a viajar. China, Japão, Itália, Nova Zelândia, Portugual, Índia, Iraque, Israel, Hawai. Vou pra lá, ver sol, ver neve, ver olhos puxados, ver gente, ver mar. Ah saudade do mar!

Pouco a pouco eu me despeço silenciosamente daquelas pessoas que eu gosto de conhecer. Sei que é uma palavra muito forte, mas é que no momento eu não encontro outra que faça senti-me feliz como essa. Conhecer gente.

Fico imaginando em que elas têm pensado, se já pularam de paraquedas, se falam inglês, se já foram à Salvador. Fico tentando imaginar suas vidas. Seu passado, seu presente, seu futuro. Poucos sorriem, ninguém canta durante a viagem, todos parecem estar cansados.

E eu, como será que eles me vêem? Para mim, esta é uma das mais intrigantes perguntas, porque as primeiras respostas que vêm a minha mente são baseadas em minhas próprias impressões. Pois é.

Universidade. Aula. Intervalo - algumas vezes. Aula. Nada de sinal. Parada. Ônibus. Casa. Sem carro na garagem. Minha mãe já foi trabalhar. "Oooooi pituco, como você tá?" - como se ele pudesse responder. Chave na porta. Ah, como é bom o "ar de casa". Neste dia a Débora já tinha chegado.

Ficamos um bom tempo conversando. Esquecemos de tudo que tínhamos para fazer, nos escondemos nas cobertas e conversamos até a garganta doer. Nestas horas eu penso que minha garganta deveria ser um pouquinho mais forte.

Às muitas sílabas já trocadas, algumas gargalhadas, alguns segundos de silêncio, já na quarta, pé na embreagem para quinta ela me diz: Mas todos nós somos loucos e sempre vemos os outros como loucos, a loucura na verdade é algo que faz parte de nós...

- A normalidade não existe.

Sair do calor da minha casa, com o sol ainda despertando e curtir a minha rotina, escrevendo textos o tempo inteiro - textos que eu sempre esqueço, aliás; ver gente, tentar entendê-las é tão pequeno. É tão pequenina loucura.

Cair na balada, curtir um baseado, quebrar paradas, conseguir pichar o topo do Everest, pegar geral, tirar a nota mais sinistra na matéria de cálculo, assistir todos os filmes da "tela quente"... Também são loucuras tão pequeninas.

Nós fazemos tantas pequenas loucuras ao decorrer do dia. Somos tão pequenos loucos neste mundo.

E sabe? Eu fico pensando na maior loucura que eu já ouvi falar na vida.

Alguém que podia abraçar e pentear os cabelos dos mais lindos seres, que podia abraçar um pai e assim, ao mesmo tempo, se abraçar, que era a expressão de amor, de alegria, de grandeza, de simplicidade, que podia criar o que lhe convinha, que podia ser o que quisesse ser, que podia fazer o que quisesse fazer. Esse alguém abre mão de tudo. Ele abre mão de tudo. E decide morrer, morrer por amor. Não sei se eu morreria por alguém como ele morreu. Não sei se seria capaz de amar alguém o suficiente para não me importar se ela gosta ou não de mim e me entregar. Eu não sei se teria coragem de abrir mão de pequenas loucurinhas diárias, e que me fazem feliz, para que outra pessoa pudesse fazer suas loucurinhas diárias. Eu não sei.

E mesmo sabendo que, mesmo para morrer - morte física - por ele, eu não sei se teria coragem, ele decidiu morrer por mim.

Ele morreu por todos nós.

Eu concordo quando escuto que isso é tudo uma grande loucura. Porque realmente é uma grande loucura. Mas sabe, você realmente ainda acredita que algo neste mundo é normal?

Já pensou que as margaridas são todas da mesma cor? Já viu que as centopéias têm cem perninhas - créditos à Suellen? Já viu a descarga de adrenalina em uma criança ao nascer? Já ficou olhando suas mãos algum dia? Já perdeu uma tarde vendo o vento dançar com as plantas? Já viu que horas as estrelas resolvem aparecer? Já viu como a água que brota tão pura e delicada da terra se torna em um rio estrondoso?

Segundo o dicionário, normalidade é um estado padrão, um ponto de vista comum. Aquele que anda para a esquerda quando todos estão andando pela direita é anormal. Eu me pergunto se esta normalidade de que o dicionário fala existe, afinal, somos seres únicos, com decisões únicas, não existe um padrão, apesar de  buscarmos nos adaptar aos padrões alheios, na tentativa de sermos aceitos, de sermos vistos.

A natureza não é normal. Não somos normais. Somos únicos, desafiamos qualquer lógica, temos nossos próprios padrões, nossa própria forma de enchergar o mundo.

Nessas pequenas sutilidades em nós e em tudo que está a nossa volta, existem pequenas cartas de amor que são deixadas, o tempo inteiro, por aquele que nos ama de forma absurdamente... louca. Porque alguém que nos ama como Ele ama, capaz de se entregar por nós, mesmo que, muitas vezes, O tiremos do nosso campo de visão, que O excluamos dos nossos padrões, do nosso horizonte, não pode ser normal. Não segue nenhum padrão. Ele é ele mesmo. Com sua forma inusitada de pensar. Com sua forma inigualável de amar. Com seu jeito único de ser feliz. Com sua loucura por nós.

E sabe de outra coisa? Ele ama nos explicar suas loucuras. Cada uma delas.










Da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.
Provérbios 2:6

Ninguém tem maior amor do que este.
João 15:13






"O que me fascina em Jesus não é só a capacidade de ressuscitar os mortos, de curar os cegos ou os paralíticos. O que me fascina nele é a sua capacidade e coragem de dizer que Deus é Pai, um Pai que ama os que não merecem ser amados, que abraça os que não merecem ser abraçados e que escolhe os que não merecem ser escolhidos. Um Pai que quebra as regras ao nos desconcertar com seu amor tão surpreendente, um Pai que não quer se ocupar com os erros que você cometeu até o dia de hoje. Porque o amor que Ele tem por você, é um amor cheio de futuro, Ele não está preso no seu passado e a Ele não interessa o que você fez ou deixou de fazer de sua vida, a Ele o que importa é o você ainda pode fazer."










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segunda-feira, 6 de junho de 2011

O grande artista, o aventureiro e a poeta



Era sua alma radiante, peralta, contagiante. Inventava brincadeiras, montava novos mundos, fazia da vida bela, mesmo que ela não fosse. Era seu sorriso a vida de uma fotografia. Sentia vontade de procurar felicidade quando olhava-a sorrir.

Ela me ganhava assim, sem perceber. Era tão linda obra de arte que eu não conseguia tirar-lhe os olhos. Nunca fora como as artistas de tv e as modelos de passarela, ela era incrivelmente ela. Sua beleza estava na forma como falava, na sua dança despreocupada, nos versos que faziam-me ver o mundo de forma diferente, nas suas caretas. Era minha bela, era minha menina, eu sabia.

Tinha vontade de roubar-te pra mim. Tinha vontade de ficar lhe admirando todo dia, o dia todo. Tinha vontade de ter você comigo. 

Ainda me lembro a primeira vez em que te vi, impossível esquecer. Você nem a notar que eu te percebi. 

Não buscava amor nenhum. Ainda acreditava que era de outra pessoa meu coração. Mas um olhar, o coração a bater forte e eu sem entender o que estava acontecendo. Seu sorriso, eu não conseguia pensar em outra coisa.

Eu que sempre fui o despreocupado, não conseguia pegar no sono. O cara com gênio forte, pensamento acelerado, espírito inquieto. Pela primeira vez não sabia o que fazer. Sabia apenas me envolver naquele abraço que tão bem conhecia.

[...]

Ele sempre fora um desses garotos que a gente sempre quer por perto.

Enchia-me de uma alegria gostosa ao vê-lo contar as histórias que nunca lhe faltavam. Gostava de vê-lo perto de mim, de ouvi-lo cantar, de rir com ele.

Foi quando dei-me conta de que ele estava a ocupar-me a cabeça por muitas horas do dia. Eram dele as novas canções que eu escrevia, o novo palpitar do coração, os suspiros avulsos. E apesar de não encontrar muito sentido em tudo o que via brotar em mim, eu gostava da ideia de me deixar levar.

Tinha medo do que estava acontecendo, mas, ao mesmo tempo, queria continuar sentindo.

Em minha mente, um turbilhão de pensamentos. Pensava em um possível futuro, em um presente surpreendente, buscava juntar as peças. Era inútil. Eu queria fugir do que sentia, eu queria me prender ao que começava a sentir.

Eu estava aprendendo a amá-lo. Eu gostava de estar, cada dia mais, a me apaixonar por ele.

Era a parte que me faltava, a palavra que eu sempre quis pra mim.

Eu gostava de cada sutilidade sua, de cada detalhe seu. Eu me sentia segura no teu abraço, como se o mundo não pudesse mais, de forma alguma, atingir-me. Os minutos ao seu lado eram eternos. Eu bem sabia que meu coração não podia mais ser de outro alguém.

[...]

Sempre gostei de fazer histórias. Estava a escrever a deles há muito tempo, muito antes de nascerem. 

Apesar deles não conhecerem os capítulos que tenho escrito enquanto dormem, sei que têm confiança de que cuidarei bem das frases que têm a mim dirigido.

Como eu amo estes dois pequenos.

Ele sempre fora meu companheiro apaixonado. Meu pequeno menino, meu grande corajoso. Poucas vezes percebia como sua ousadia com tudo o que me dizia respeito contagiava outros pequeninos meus. Eu tinha orgulho em chamá-lo de filho, gostava de compartilhar com ele as coisas que vinha pensando. Um coração contrito, uma alegria diferente no olhar, a certeza de que eu estava sempre ao seu lado, uma alma simples. Enfrentava seus medos, buscava reconhecer suas falhas, rendia-se a mim.

Ela, meu rubi. Gostava de escreve-me frases no cantinho dos cadernos e foi assim que eu comecei a inundá-la com meus singelos versos. Nas suas lágrimas, ela se torna a fortaleza que é, minha pequena jóia a irradiar meus dias. Como é bom vê-la acordar e sorrir pra mim, convidando-me a fazer parte do seu dia. Sinto prazer em ensiná-la novas rotas, guiá-la a novos horizontes, vê-la se libertando do medo, da insegurança. Sua meiguice, sua determinação, seu amor por mim. Era bom ver minha pequena crescer.

Sabia que ele precisava da beleza com que ela via a vida, precisava das pétalas que a vida tem. Ela precisava daquela coragem aventureira, da loucura que ele tinha.

Os criei um para outro.

Agora, era apenas uma questão de tempo.

Enquanto isso, lá estava eu, a colorir novas margaridas e sorrir-lhes em novas manhãs. 

Um dia eles saberão que estive sempre aqui, a tecer-lhes uma história juntos.





Dias dos namorados chegando, inspiremo-nos!




El amor lo puede todo.














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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Receita




Passa e tira minhas palavras
E eu querendo me deixar levar
Nesse vendaval que você fez em mim

Fico aqui na janela te olhando assim

Pinto na parede o mar
Vou pra lá
Pensar, te amar, respirar
Quero ar

Ar de novos lugares
Sentir o cheiro teu impregnando aqui
Respirar assim

Se é liberdade eu não sei
Me perder, me prender, me encontrar
As vezes não
Sim, talvez, quiçá
Te beijar
Ver um sentimento se perder em mim, pra mim

Falar, sentir, colorir
Ficar em branco
É, rodar, girar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Bolhas



Estive muito triste nos últimos dias. Já estive triste em muitos outros momentos, mas essa tristeza era, em todos os sentidos, diferente. Eu me sentia tomada por ela, como se ela me prendesse em braços que eu não conseguia ver. Era uma tristeza profunda que me doía e cortava a alma por dentro. Eram pequenos cortes, cortes sutis que me machucavam.

Tentava fugir do que sentia. Tentava correr pra um lugar que eu não sabia exatamente onde estava. Eu só queria não me sentir mais daquele jeito. Mas eu estava triste.

No fundo, queria ser capaz de conseguir falar sobre o que estava sentindo. Queria poder ouvir alguma coisa que me tirasse debaixo daquelas nuvens carregadas. Queria um colo, um abraço, um beijo, talvez um "olá" diferente, não sei bem. Mas eu disfarçava tudo o que sentia atrás de um sorriso. Escondia minha tristeza como escondo uma espinha atrás de uma camada de "base".

Acontece que assim como a "base", sorrisos e brincadeiras não são capazes de esconder aquela vermelhidão por completo, aquela parte inchada que lateja. Talvez muitos conversem conosco, brinquem conosco, estudem conosco, orem conosco e sorriam em gargalhadas conosco e, mesmo assim, sejam incapazes de ver aquele calombinho inchado, inflamado, dolorido.

Muitas pessoas que amamos, que contamos, que admiramos vão olhar pra nossa "maquiagem" e não verão o que está por trás dela. Outras, verão a nossa tentativa infeliz de nos maquiar, mas continuarão fingindo que não viram. Outras, não serão capazes de suportar-nos sem nossas "bases". Outras, criarão soluções pra disfarçar aquilo em nós e talvez, por um tempo, até dê certo. Outras realmente tentarão nos ajudar.

Uma hora essa maquiagem se desfaz com o calor, com a chuva, com nosso suor. Com as dificuldades, a verdade, a nossa verdadeira identidade.

Nenhum ser humano vai ser capaz de conhecer tudo em nós. Nenhum ser humano vai ser capaz de enchergar todas as nossas feridas camufladas. Nenhum ser humano vai ser capaz de preencher um vazio que nos faz chorar na madrugada. Nenhum ser humano vai ser capaz de nos dar a alegria que precisamos sentir.

Seria injusto cobrar de pessoas - com falhas, sonhos, passado, traumas, medos, alegrias e verdades - como nós soluções que elas não têm, assim como nós não temos. Nós nos completamos e somos capazes de nos ajudar, mas está acima daquilo que podemos fazer tratar e curar aquilo que se esconde atrás de uma "maquiagem".

Quem me vê assim cantando, não sabe o que eu sofri...

Existe um olhar meigo, penetrante e doce que olha para nós e diz: Deixa-me ver-te como és. Deixa-te ser quem és. Seja quem eu fiz para que fostes. Seja você. Ontem, hoje, amanhã.

Deixa eu tirar tua maquiagem. Conta para mim o que doeu. Deixa eu limpar, deixa eu cicatrizar, deixa eu cuidar de você.

Nossa alegria não está no outro, em algo, em algum lugar. Ela se complementa com outro, em algo, em algum lugar.

Fico pensando em quantas pessoas passam por mim todos os dias. Fico pensando se elas estão se escondendo. Fico pensando em quantas pessoas maqueiam suas tristezas, seus traumas, seus medos, suas fraquezas como eu fiz, como eu ainda tenho feito.

Fico pensando quando eu vou ter coragem de cantar quando sentir vontade  de cantar e rir pra um estranho na rua sem imaginar o que ele vai pensar de mim. Fico imaginando o dia em que irão olhar-me, junto comigo, frente a um espelho e enchergar a Bárbara que um dia eu fui criada para ser.

Quero poder voltar ao início de tudo e encontrar-me com Jesus. Quero rever meus conceitos, valores, eu quero reconstruir. Quero ter coragem suficiente pra aceitar que eu piso na bola um monte de vezes e que isso não me faz alguém inferior. Quero ser capaz de aceitar-me como sou e amar-me como sou, com meu timbre de voz, com minhas notas impossíveis que talvez um dia eu alcance, com meu cabelo que daria para três cabeças, com minha cor leite ninho, com minhas piadas toscas, com minhas caretas, com meus pensamentos atropelados, com minha forma de enchergar o mundo. Quero aceitar os meus momentos de raiva, de amor, de risos. Quero ser capaz de permitir-me ser eu.

Porque assombrosamente fui formada. (Sl 139.14)

Eu quero ser assombrosamente eu mesma. Você quer ser assombrosamente você mesmo?

Quero, sendo eu, misturar um pouco de mim pra lá e pra cá. E aprender talvez a cantar como cantava Pavarotti, aprender a dançar hip hop, tocar gaita e violão, rir um riso sem som como a Débora, valorizar "um gesto" que o Raphael não para de falar, aprender a ser forte como minha mãe, palhaça como meu pai, sincera como o Samuel, simples como Jesus. Eu quero uma mistura de um monte de gente em mim. Eu quero ser assim. Quero acreditar em um "linda ou bonita" de vez em quando. Quero ser capaz de revelar mais minhas lágrimas. Quero ser capaz de cobrar menos de mim, menos das pessoas. Quero amar-me todos os dias, mesmo sem ter razão. Quero conversar mais comigo mesma. Quero amar mais as pessoas. Quero mudar, crescer, amadurecer. Quero me contradizer.

Quero encontrar o abraço que me tira daqueles braços que me faziam murchar. Quero dissipar as nuvens negras, quero ser capaz de olhar o céu e admirar o Sol. Quero escrever mais versos, certos, ao inverso. Quero me apaixonar. Quero sonhar os sonhos que um dia Papai sonhou para mim. Quero ver a tristeza se dissipar e eu, ao som de um reggae, dançar com Jesus.

Eu que sempre vi o mundo apertando um pouco os olhos, fazendo da vida uma eterna poesia. Eu que tenho covinhas em minhas bochechas. Eu que sou brava. Eu que gosto de psicologia, de pedagogia, de história e de coisas até perder as contas. Eu que não me decido se quero frio ou mar. Eu que um dia quero casar. Essa Bárbara que tem dificuldade pra falar daquilo que doeu, que dói. A Babi que fica imitando quem não deve, gritando "vamos lanchar" e cantando versinhos idiotas por ai. Ela que deveria ser mais discreta de vez em quando, que deveria rir mais baixo, que sempre quis dirigir. Aquela garotinha que cresceu e não perdeu a mania de mecher nos pés e que já perdeu as contas de quantas vezes sentiu seu corpo queimar de vergonha e seu rosto vermelho ficar. É a eterna "bebê" de um cara parrudo que tem as dancinhas mais rídículas do planeta, que tem uma mãe linda e guerreira, que tem uma irmã amiga, pateta, sincera, que tem um cachorro folgado, um irmão apaixonante. É uma quase mulher já. Imperfeita, que chora demais, que sente demais. É alguém que sonha, que respira, que gosta de dormir.

Eu ainda tenho muito o que descobrir em mim. Eu quero ser quem fui chamada para ser.

Quem você quer ser? Quem é você?

É importante sair da bolha.





(...) Mas existe uma alegria que me envolve, que me quebranta, que me constrange, que me gera de novo, que me abraça, que me fala, que meche com a minha vida. Essa alegria, ah, essa alegria. É linda, é lindo. Essa alegria meche comigo, me envolve, me faz feliz. Faz-me feliz demais.












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À Débora, que inspirou-me.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Entre la gente



Fiquei observando as pessoas que passavam, corriam e aquelas que pareciam desfilar na rua. Olhava pra olhos em maioria castanhos, mas via alguns azuis, outros verdes. Pele negra, bronzeada, queimada de sol, branca. Roupas diferentes, rumos diferentes, passados diferentes, amores diferentes, medos diferentes, sapatos diferentes, vidas diferentes. E eu me apaixonava por cada um.

Tentava imaginar o que aquelas mentes pensavam, o que aquelas pessoas buscavam, quais eram seus sonhos, pelo que elas choravam, o que as irritava, as pessoas que elas amavam e se elas sabiam que Papai as amava.

Alguns falavam ao celular, outros sorriam com os amigos, alguns andavam rápido, quase correndo, alguns estavam a olhar os pés, alguns olhavam uma mulher bonita que passava, outros liam jornais, as crianças seguravam na mão de alguém e olhavam para o mundo como se vissem tudo aquilo pela primeira vez. E eu me perguntava se elas sabiam que Papai as amava.

Foi quando aquelas palavras delicadas entraram em mim: Você sabe que Eu a amo?

Eu não soube responder, sorri.

Talvez saibamos que somos amados. Talvez nos digam, todos os dias, que somos importantes, insubstituíveis. Talvez nós vejamos esse amor em pequenas atitudes, em pequenas conversas, no silêncio. Talvez vejamos o amor também nas lágrimas, em um cafuné, em um abraço, em um "olhar nos olhos".

Mas talvez nós não consigamos acreditar neste amor. Talvez seja difícil acreditar.

Muitas daquelas pessoas que passaram por mim provavelmente nem me viram e apesar de elas não me verem e nem ao menos me perceberem eu estava as observar, a me apaixonar pelos detalhes tão únicos que cada uma tinha. Eu os amei com um amor que não poderia vir de mim. Eu os amei com um amor que os conhece, que os criou.

Este amor é Papai.

Acredito que em uma tarde, sobre um mangueira, Papai acorda João de um cochilo e diz para ele: Filho, eu sou amor. Eles ficam a trocar palavras pela noite afora e quando o dia está prestes a raiar, Papai diz a João para escrever a conversa que tiveram, porque um dia elas seriam lidas por outras pessoas; algumas acreditariam, outras não, mas era importante que elas soubessem. Então João escreve em 1 João 4 versículo 8 que "Deus é amor".

Quando não acreditamos no amor, temos dificuldade em crer em Papai , porque o amor é a expressão exata de quem Ele é.

Talvez não estejamos enchergando aqueles olhos apaixonados.

Queria que soubesse que você é amado. Você é amado, eu sou amada, somos amados.

Apesar de nos sentirmos sozinhos muitas vezes, apesar de termos problemas demais para resolver, apesar de chorarmos todos os dias, apesar de nossos medos, do nosso passado, do que temos pensado.

Existe alguém que fica a nos observar todos os dias. Ele se apaixona por nossas sutilidades, nossas singularidades, por nós.

Este amor está acima de nossas impressões sobre o que é ser feliz, sobre o que é ter uma boa vida. Este amor sonha conosco. Ele nos estende a mão e nos convida para dançar. Ele nos ensina aquilo que não sabemos. Ele nos faz cócegas. Ele sorri pra nós. Ele nos abraça. Ele corre com a gente e faz piadas. Ele conta histórias e é gentil. Ele é cavalheiro. É amigo, pai, amante e senhor. Ele se preocupa com tudo que nos diz respeito. Ele nos defende. Ele nos encoraja. Ele nos alegra. Ele nos coloca para dormir. Ele meche nos nossos cabelos e conversa conosco. Ele nos mostra o mundo, Suas coisas, o céu. Ele segura em nossas mãos quando não conseguimos andar sozinhos. Ele nos dá broncas. Ele chora conosco. Ele vai ao cinema, ao parque, ao teatro nos fazer companhia ou fica deitado no sofá trocando de canal em um dia frio. Ele nos vê com olhos de amor. Ele nos ama e nos aceita como somos.

Somos amados.

Que possamos acreditar.








Eu ficaria a escrever-Te toda uma vida. Eu ficaria a apaixonar-me por Ti toda uma vida. Eu ficaria toda uma vida a admirar-Te aquecida em Teus braços [...]

Eu sou do meu amado, eu sou do meu amado, eu sou do meu amado.
E Ele é meu.
Santa Geração


Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai.
1 João 3:1


E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.
Jesus, em João 17:26


Porquanto com amor eterno te amei.
Jeremias 31:3









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sábado, 7 de maio de 2011

Então





Acontece que sinto um pulsar diferente em meu peito e um sorriso insiste em surgir delicadamente em meus lábios. Tento pensar em outro alguém, mas é em um futuro incerto que eu penso, tão somente.

Acontece que minhas certezas são também incompletas. 

Acontece que eu o amo todos os dias. 

E acontece que é assim... 

Eu fico imaginando um brilho nos olhos, um sorriso, o cheiro teu. Um carinho, um abraço, uma tarde.

Escrever teu nome no ar, gravar uma inicial em meu lado esquerdo, ouvir teu coração.

E enquanto você descansa, rouba de mim o sono em sonho.
Tentar uma tradução.

Ouvir uma música, dançar mesmo sem saber.
Tuas inconveniências, teu amor, tua benevolência, tua voz, teu humor.

Ver em você um pouco de mim, em mim um pouco de você.
Sentimento a interpretar, pura poesia solene.

Meche nos cabelos desconcertado e tantas vezes não sabe o que falar.
Deixa eu te ver chorar...

Segura em minha mão e junto comigo voa nessa liberdade ignota.
Sem frases que se encontram, sem momentos que se percam, sem vida que pareça grande ou pequena demais.

Você sorri.
E me vê. Eu vejo você.

O tempo pára.

É amor.




Esperar é reconhecer-se incompleto. 
Guimarães Rosa




sábado, 23 de abril de 2011

João



Minha hora predileta do dia, o sol se despedia devagar, o frescor das árvores começava a invadir o ar, o céu se mescla em tons de cor de rosa, laranja e cinza.

Uma brisa bagunça meus cabelos, chacoalha minha roupa e penetra meu ser. Tuas palavras vieram com o vento, refrescaram minha alma, trouxeram-me alegria.

"Assim como as folhas das árvores se inclinam para o vento, eu quero que o teu coração se incline a mim. Quando minha brisa dançar com você, estenda os braços e dance com ela. Minha querida, quando em tua fronte meu vento soprar, olhe para o céu e lembre-se que eu me alegro em inclinar-me para ouvir teu coração."

Disse tudo o que sentia naquela hora. Estava triste. Mas Ele me envolvia com um abraço. Aquecia-me como nenhum agasalho poderia me aquecer, alcançava meu coração.

Junto com ela, foram embora os meus medos. Junto com ela veio a certeza de que havia um colo onde deitar. E apesar de muitas dúvidas tentarem permanecer e aflingir-me, eu sabia que podia fechar os olhos e descansar.

Não preciso ser perfeita. Não preciso apenas sorrir. Não preciso de dinheiro. Não preciso ser a melhor da turma. Não preciso ser a mais bonita. Ele não se importa com a minha cor, com a minha forma de falar, se eu falo ou não inglês. Com Ele eu só preciso ser eu mesma.

Meu coração encontra o Teu e nasce uma canção.

[...]

O dia nasceu lindo. Nuvens branquinhas, céu em tom único de azul, o sol a brilhar com força. O som ligado, o vento no rosto. Pegamos a estrada e partimos pra um lugar um pouco distante. Não fosse pelo lugar onde estávamos indo, o dia seria como aqueles "estou viajando de carro".

O ar do nosso destino não tem cheiro de liberdade como o de uma viagem. O ambiente é hóstil. Amor é uma palavra desconhecida naquele lugar. O medo, o ódio e a solidão são o que encontramos em medida incontável, impregnadas nas mentes, nas paredes, nos colchões.

Mas tudo o que eles buscam é amor. Tudo que eles precisam é amor.

Eu solto um "bom dia" e aquele coro forte me responde "bom dia". Roupas brancas, olhos atentos, sede de algum afeto. Abro a Bíblia e solto algumas frases. Eles sugam cada um daquelas sílabas que saem de minha boca como um sedento a beber, a goles pequenos, a tão sonhada e esperada água.

Eles procuraram essa água nas drogas, no dinheiro, em mulheres, no revólver. Mas ela não está lá. Eles têm sede, eles têm sede de Deus.

Olham-me nos olhos, marcam o ambiente pelo silêncio.

Aquela porta é aberta somente duas vezes ao dia, em dias aleatórios. Lá dentro, atrás de um porta cheias de trancas e uma grade feita de concreto, eu vejo o João. Considerado "o pior" de uma sociedade. Está preso na ala de segurança máxima.

Ele me diz que "as coisas de Deus a gente não faz de qualquer jeito. Não pode aceitar Jesus aqui dentro e sair pra fazer besteira. Tem que querer de verdade." Então eu digo pra ele que Deus pode transformar o homem, que Deus pode ajudá-lo a não "fazer besteira lá fora".

Ele não tira os olhos dos meus. Seus olhos são negros, amendoados, grandes, cílios compridos. Provavelmente foi um daqueles garotos que vemos correndo atrás de uma bola a tarde inteira na rua, soltando pipa nesse céu imenso, esperando chegar em casa e ter algo pra comer, um abraço pra amá-lo. Mas eu não sei. O agente diz que hora de sair.

Eu estendo minha mão direita, o João a dele. Ele segura minha mão como se estivessem lá todas as respostas que ele procura, como se pudesse eu, de alguma forma, dizer pra ele porque ele fez o que fez e agora está naquele lugar.

Minha vontade era de abraçá-lo, poder mostrar para ele o amor que eu tenho conhecido. Eu queria poder vê-lo abraçado com Papai, chorando seus medos, gritando seus traumas, sorrindo com Seu amor. Eu queria tanto que ele se sentisse amado pelo homem que morreria de novo se somente ele estivesse aqui na terra.

Eu não poderia amá-lo assim, mesmo que quisesse. Mas Papai podia. Porque o que Ele queria era apenas ser amigo do João. Ele não ia criticá-lo, Ele não iria desprezá-lo, Ele não se importaria com o que ele fez. Ele o abraçaria e choraria com ele. Ah! Ele só o amaria. E isso já era o suficiente.

- Ora por mim.

[...]

Que aquela brisa entre na cela onde está o João e o abrace. E afaste os medos. E tire as tristezas. E mostre pra ele que ele é importante, que alguém o ama, que alguém se importa com ele, com o que ele sente, com o que ele pensa.

Eles se sentem imerecedores do amor de Deus. Acontece que todos nós somos imerecedores. Afinal, o que diferencia aquele que responde os pais daquele que mata o gerente do banco? Quem somos nós para dizermos que eles devem morrer? Quem somos nós para nos sentirmos melhores? Quem somos nós para os julgarmos, os criticarmos?

Jesus os ama e com Ele eles só precisam ser eles mesmos. Nosso papel é apenas dizer pra eles que alguém se importa.

Que uma brisa penetre o nosso ser e mostre para nos o que somente o Senhor pode sentir. Quando Ele nos abraça, nós abraçamos os outros.

Ah, Jesus! O Teu amor é lindo demais...



Lembrai-vos dos encarcerados como se estivésseis presos com eles.
Hebreus 13:3


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Flowers



Flores negras. Estou a pensar nelas. Talvez sejam tão singulares como o sentimento que sinto crescer em mim. Eu não sei porque o amar, mas eu o amo.

E não que eu conheça muito bem todas as facetas dessa palavrinha poderosa de quatro letras, mas se não é amor o que floresce dentro de mim eu não sei mais que nome a ele dar.

Disseram-me certa vez que é assim o amor, as nossas tão presentes palavras decidem saltar de lá para cá, brincam e fazem-me de boba, e eu não as consigo pegar. Solto-me risos sem saber o que é essa música a dançar em mim. Meu coração se enche de um doce que tenho vontade de mais beber. E lá se vai o que me restava de razão, mas eu não sinto tanta falta do chão...

São como flores negras. A primeira vista parece ilusão, fruto de boa imaginação. Mas então lá estão as sementes a romperem a terra, trazendo os primeiros brotos para um banho de sol. Uma hora eles simplismente mostram suas pétalas, suas misteriosas pétalas. E aqui ficamos, como expectadores estarrecidos.

São assim os sonhos que um dia Ele sonhou. Um dia eu abri mão de uma vida, porque Ele abriu mão primeiro por mim. Assim eu encontro o que é viver de verdade, o que é viver a vida com Ele, sonhar os sonhos Dele.

É pura loucura, eu sei. Mas não é louco flores serem fantasticamente únicas? Não é louco eu sentir o que sente o teu coração?

[...]

Este é um texto de amor.

Porque é este o mais lindo sentimento que Ele criou. Como poderia alguém criar o amor e não amar? Como criar a mais linda história de amor sem ser um nato romancista?

Quem ama não é egoísta. Gosta de escrever histórias, gosta de fazê-las reais.

Sei que não é nem um pouco fácil acreditar - vivendo no mundo em que vivemos - que existe alguém esperando que você diga: "Pode escrever a minha história". Sei que não é fácil entregar certas áreas da nossa vida para alguém que não sabemos ao certo se confiamos. Sei que não é fácil acreditar que Ele se preocupa ou que se importa com situações em nossas vidas que consideramos bobagens. Acontece que temos tantas falsas impressões a respeito do que é ou não importante, do que é ou não bom para nós, do que é ou não verdade...

Deus se importa com nossos relacionamentos. Deus se importa com nossos sentimentos. Deus se importa com o que falamos pra Ele.

Eu demorei certo tempo pra acreditar que Deus se importava com meus devaneios e borboletas na barriga. Mas comecei a perceber que o amor que Deus sonha para nós é um amor que transcede tudo aquilo que já pensamos, que já sonhamos.

As histórias que Ele escreve são mais belas que aquelas escritas em livros ou em roteiros de filmes. As histórias de Deus tiram o nosso fôlego, fazem saltar a nossa alma, nos surpreendem como nunca imaginamos nos surpreender.

Será que queremos crer? Viver essas histórias?

[...]

Tenho conversado com algumas garotas sobre amor e seus afins ultimamente.

Tenho percebido como nossa realidade é marcado por relacionamentos devastadores, traumáticos. Tenho visto, como cada vez mais, nos enganamos acreditando que Deus pode até se preocupar com todo o resto, mas que "falar desse assunto" é algo que Ele não faz.

Ele colocou isso em nós. Foi Deus quem nos deu os desejos, a paixão, o amor... Então, porque Ele não gostaria de ouvir-nos e compartilhar conosco Suas opiniões?

Batemos tanto a nossa cara na parede por não conhecermos o que Deus faz e como Ele faz! Nos enchemos de dúvidas, de ansiedade, de traumas, de marcas...

Nos tornamos frios, desacreditados. Nos vendemos fácil, nos entregamos fácil.

Afinal, temos vivido o verdadeiro amor?

Deus quer escrever uma história para cada um de nós. Uma história singular como são as flores negras.




Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste.
Colossensses 1.17

Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
Eclesiastes 3.1

Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias.
Provérbios 31.10

A multidão dos homens apregoa a sua própria bondade, porém o homem fidedigno quem o achará?
Provérbios 20.6

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá. Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
1 Coríntios 13

Se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares...
Salmos 139.9

















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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sentimento inebriante




Meninos de rua cheirando cola, garotas de nove anos grávidas, pais que não conhecem os filhos, filhos que não respeitam os pais. Ministros de plástico, levitas que se tornaram animadores de plateia. Mas a gente fecha os olhos e diz que está tudo bem.

Senta no banco da igreja no domingo e acha que assim cumpriu sua obrigação, porque é esse o evangelho que eu tenho ouvido por ai: Servir a Deus é algo que você faz pra receber algo ou pra não ir a um certo lugar. Não existe mais amor, não existe mais amor.

E quem se importa? Ei, quem se importa?!

Vemos mendigos nas ruas, e nem ao menos somos capazes de olhá-lhos nos olhos. Não nos importamos se a prostituta escondida nas sombras chora por ter que vender o seu corpo. Não nos importamos com os presidiários. E aqueles que não têm o que comer? E aqueles que não têm o que vestir?

Lá estão os orfanatos cheios de crianças buscando algum afago. Asilos cheios de dor, de abandono, de desprezo. Mas nós fechamos os nossos olhos e dizemos que está tudo bem.

Faculdade, carro, namorado, roupas, amigos, "talvez eu case", dinheiro... E o outro que se vire pra ser alguém e outro que se vire pra ter alguém.

Somos, cada vez mais, individualistas, mesquinhos, egoístas.

E pra justificar toda a nossa corrida atrás de coisas que nunca nos saciarão, dizemos que temos nos esforçado para isso, que somos vencedores, que temos que sonhar. E eu não nego que cada uma dessas palavras é verdade, temos mesmo que sonhar, somos mesmo vencedores, mas até quando nossos sonhos não vão incluir os sonhos dos outros? Até quando nossas vitórias serão baseadas somente em conquistas individuais?

Até quando vamos nos preocupar mais com a roupa que vestimos do que com o que está dentro do nosso coração?

Até quando vamos viver de verdades piratas, de pregações vazias, de falsa adoração?

Até quando vamos ficar presos na nossa religiosidade, na nossa mediocridade, nas nossas bobagens?

Nós nos fechamos em grupinhos, enquanto pessoas se sentem sozinhas, enquanto adolescentes cometem suicídio, enquanto jovens se maltratam, se batem, se punem.

Conhecemos Deus através de frases ditas por homens, mas não somos capazes de discernir a Sua voz. Se nos perguntam: Quem é o seu Deus? Ou ficamos sem resposta, ou jogamos jargões que lemos em blogs, que ouvimos em um dvd ou mesmo que lemos na Bíblia - livro lindo e perfeito. Só que Deus é mais que tudo isso. E a vontade Dele é que esse evangelho podre, que vive atrás de uma armadura de papel de seda se derrame de verdade, se entregue de verdade.

Fico me perguntando se somos capazes de revelar pra Deus nossos desejos mais íntimos, nossas falhas mais banais, nossos sonhos, o que temos pensado.

E, de súbito, percebo que não. Nós preferimos fechar os olhos e fingir que está tudo bem.

Alguma vezes, recebi respostas assim: Deus não vai me entender, Deus vai me julgar, Deus nunca me aceitaria da forma que estou/sou. Mas, sabe, na verdade, somos nós que não nos entendemos, nós que nos julgamos, nós que não nos aceitamos. Transferimos essas impressões pra Deus porque nós não O conhecemos, não conhecemos Seu caráter, Sua forma de enchergar o mundo.

Usamos nossos próprios óculos pra ver tudo a nossa volta, pra ver tudo dentro de nós. Cada vez mais, tiramos Deus das nossas programações, dos nossos sonhos, da nossa vida.

E o que mais me surpreende em tudo isso é que, mesmo assim, Deus continua a nos amar, continua sonhando conosco.

Por que Ele deixa isso acontecer? Talvez porque Ele nos respeite.

Mas a questão aqui é: Por que nós temos deixado isso acontecer? Afinal, não somos tão alheios a nossa vida assim.

Há algum tempo atrás Deus me deu uma visão: Jovens e adolescentes dentro de uma igreja bem grande. Suas mãos estavam sujas de lama e eles passavam toda aquela sujeira nas paredes da igreja. Jogavam barro uns nos outros, miravam alvos nas paredes e competiam para ver quem sujava mais o lugar. E tudo isso com um sorriso nos lábios, satisfeitos.

É isso que fazemos, todos os dias. Emporcalhamos não somente o templo em si, aquele feito de tijolos e cimento, com nossas fofocas, críticas vazias e falta de transparência, mas também o nosso próprio templo, o nosso próprio corpo.

Nossa mente é um campo minado, nossas curvas/nossos músculos são usados para impressionar os outros, nosso coração está dilacerado por relacionamentos nada saudáveis.

E tudo isso com um sorriso nos lábios.

Sabe, somos como um quarto fechado, escuro, cheio de mofo, bichos, sujeiras. Ficamos trancados lá dentro dizendo para nós mesmos que não somos nada. O nosso cabelo é feio, a nossa cor é estranha, a nossa vida é esterco.

Existe alguém querendo entrar neste quarto. Existe alguém que quer acender a luz, que quer ajudar-nos a limpar as paredes, a organizar as coisas, a botar os bichos para fora. Ele quer levar-nos a frente do espelho, tirar a venda de nossos olhos e mostrar coisas que não enchergávamos dentro de nós. Ele vai nos provar o quanto somos lindos, o quanto somos queridos, o quanto somos importantes, porque Ele sim sabe quem somos.

Quando permitirmos que isso aconteça, poderemos então olhar para os que estão a nossa volta e que nunca ouviram falar dessas coisas. Então nós o ajudaremos de verdade, então nós seremos como Cristo é.

Ele se importa com os outros.

A lógica disso é que um ajudaria o outro. Enquanto você ajuda alguém, alguém ajuda você. Isso é impossível? É ser lunático demais?

Esta é a questão, talvez seja hora de mudarmos os nossos conceitos.

Que tenhamos um amor parecido com o do profeta Oséias por aquela prostituta. Enquanto todos os homens a olhavam como um objeto de luxúria, ele a olhava com amor, com zelo. Enquanto o mundo a desprezava, ele sonhava em fazê-la sua esposa, em cuidar dela. Ele foi capaz de abrir mão de sua reputação, de não se importar com os falatórios alheios e de cuidar daquela mulher, simplismente porque ele a amava.

Isto é evangelho, isso é ser alguém parecido com Cristo. É amar, amar, amar.




Portanto, esforcem-se para ter amor.
1 Coríntios 14:1a









terça-feira, 12 de abril de 2011

Pic nic





Eu não conseguia tirar meus olhos daqueles lábios a sorrirem. A alegria dele contagiava-me, contagia-me. Eu fico a pensar naquele menininho a fechar os olhos, a gargalhar, a chorar e a se entortar todinho com minhas cócegas.

Um "pára" nada sincero. Uma vontade imensa de viver. Brilho nos olhos, vida nas veias, pura inocência a transformar meu mundo.

Inocência a transformar meu mundo.

Quando você olha nos olhos de uma criança o que você vê? Quando você olha seus olhos no espelho o que você vê? Quando você olha os olhos de um frentista o que você vê? Quando você olha os olhos dos seus pais em uma conquista sua, o que você vê?

O que você tem visto nas pessoas? O que você tem procurado encontrar nelas?

Vindo para casa numa tarde leve, gostosa e surpreendente como esta, eu fiquei a pensar em Mateus 18:3 que diz que se não nos convertemos e não nos fizermos como meninos, de modo algum entraremos no reino dos céus.

Em uma tarde de abril, eu quero apenas ter um coração puro como os das crianças. Um coração que gargalha com as cócegas, que não se cansa de ser feliz, um coração apaixonado, simples, contrito, aberto a aprender, um coração que brinca, que chora quando quer chorar, um coração que não se preocupa se a roupa está toda amassada, se o cabelo está despenteado, um coração mais despreocupado.

Que se esvaiam de mim essas coisas de gente grande. Esses problemas que nos impedem de crer. Eu a me surpreender dançando um reggae e amando um amor maior cuidando de mim.

Eu fecho meus olhos, eu solto um falso "pára", eu brinco de ser feliz e brincando eu sou feliz.

Lá, lá, lá enamorado [...]

Hoje são muitas as palavras que eu queria escrever, mas eu não sei como colocá-las para fora. Eu sinto uma grande alegria tomando conta de mim, e não sei se choro, se sorrio, se canto, se grito, se corro, se pulo...

Um coração simples como os das crianças. Um coração segundo o caráter de Cristo.

[...]

Existem pessoas morrendo em todas as partes do mundo sem conhecerem um coração assim, o mais lindo e sublime coração. Muitas estão a caminhar nas calçadas, a olhar nas janelas dos carros, do ônibus. Muitas estão em casa...

O que você tem visto nas pessoas? O que você tem procurado ver nelas?






Uma criança balança as pernas ritmicamente por excesso de vida, não pela ausência dela. Pelo fato de as crianças terem uma vitalidade abundante, elas são espiritualmente impetuosas e livres; por isso querem coisas repetidas, inalteradas. Elas sempre dizem: "Vamos de novo"; e o adulto faz de novo até quase morrer de cansaço. Pois os adultos não são fortes o suficiente para exultar na monotomia. Mas talvez Deus seja forte o suficiente para exultar na monotomia. É possível que Deus todas as manhãs diga ao sol: "Vamos de novo"; e todas as noites à lua: " Vamos de novo". Talvez não seja uma necessidade automática que torna todas as margaridas iguais; pode ser que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas nunca se canse de criá-las. Pode ser que Ele tenha um eterno apetite de criança; pois nós pecamos e ficamos velhos, e nosso Pai é mais jovem do que nós.
G. K. Chesterton

Feliz aquele que teme a Deus, o Senhor, e vive de acordo com a Sua vontade! Se você for assim, ganhará o suficiente para viver, será feliz e tudo dará certo para você.
Salmos 128:1-2

E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Romanos 12:2