quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SEM TÍTULO.


Eu sentava naquele banco e observava aquela mulher, ou aquele homem falando sobre Jesus; por muitas vezes era a minha mãe quem estava lá.

Eu cantava tantas músicas naquele púlpito e torcia tanto pra que chegasse o final de semana ou o fim da tarde pra sentir a presença gostosa que tinha aquele lugar.

Eu lembro dos meus pais falando do amor e da cruz. Eu via a escrivaninha do quarto cheia de livros grossos, falando de um Deus, via tantas anotações em folhas pautadas; anotações que desencadearam mudanças, choros, arrependimentos.

Eu cresci em um lar cristão, e como me orgulho disso.

Alguns anos se passaram e foi a minha vez de ser observada por uma dúzia de crianças, falando de um homem que morreu em uma cruz para que elas estivessem ali. Cantavamos aquelas canções engraçadinhas e eu via a empolgação delas, representada nos pulos e nos sorrisos. Eu via Jesus brincando com elas, apesar de naquele momento não entender como entendo hoje, eu tinha 12 anos.

Um dia, eu esperei na escola até as duas da tarde, achei que minha mãe tinha esquecido de mim. E chorei, sentada na calçada, na porta da escola. Um tempo depois, alguém para um monza vinho e abre a porta. O rosto estava vermelho e as pálpebras inchadas.

- Desculpa filha, a mamãe estava conversando com a titia Elza.
- Ah tá, tudo bem.

Como doi em mim ver pessoas que eu amo chorando por algo que eu SEI que não é bom. Naquela tarde não foi diferente.

Minha casa nunca mais foi a mesma depois daquele dia. Meu pai traiu minha mãe e eu vi todo o ministério de um casal arruinarse na minha frente.

Eu vi minha mãe chorando.

Eu vi meu pai chorando.

Eu vi os jovens daquela igreja chorando.

Eu vi minha irmã chorando.

Eu vi famílias chorando.

Eu vi meu Pai chorando.

Minha reação não poderia ser outra além da revolta. E foi nesse momento que eu virei para o meu Criador e pronunciei: Você não me ama. Você não existe. Você não ama minha familia. Você não ama.

Foram aproximadamente quatro anos vivendo uma vida sem vontade de ir a igreja, sem vontade de orar ou ler a Bíblia, sem contar histórias, sem vontade de rir. Foi muito tempo brigando muito com minha mãe, falando milhões de palavrões e tramando fazer coisas que nunca fiz; não fiz porque o Deus que eu pensava ter me abandonado estava o tempo todo ali do meu lado, me protejendo e eu não sabia.

Não dá pra escrever aqui todo o sentimento que existia nos momentos em que eu subia no terraço e pensava em me jogar de lá. Não dá pra escrever os momentos que eu me encolhia na cama e chorava até meus olhos não terem mais lágrimas. Foi muita dor, foram muitas brigas, foram muitos sentimentos.

Até que um dia, depois da minha primeira prova do PAS, a quase três anos atrás, fomos visitar uma igreja de uma amiga de minha mãe. Como fomos bem recebidas, e como eu me senti amada. Continuamos a ir, até que chegou o dia de um acampamento.

Naquela chácara, eu senti novamente todo o amor que a muito tempo eu não sentia, eu senti o homem que um dia morreu por mim colocar a mão sobre a minha cabeça e falar: Eu tenho orgulho de você. Eu senti a presença e o amor dele tomarem conta de mim e me trazerem a felicidade que desde criança existia em mim, mas que tinha adormecido.

Sonhos brotaram no meu peito, certezas começaram a surgir.

Lembro da minha mãe naquele carro esperando a mim e a minha irmã. Lembro da conversa entusiasmada de nós três ali dentro. Lembro de mim, toda queimada colocando a mala no chão do meu quarto e correndo pra deitar na cama da mãe. Eu lembro das minhas palavras de arrependimento, das lágrimas da minha mãe correndo no seu rosto e do abraço mais gostoso e mais esperado de toda a minha vida. Como é forte e guerreira essa mulher, eu pensei.

Depois pedi perdão ao meu pai. E como foi bom ver que estava na minha frente o homem que me ensinou tantas coisas, apoiar a cabeça nas mãos e chorar, chorar...

- Minha filha, papai te ama, me perdoa. O abraço.

A partir dai, eu passei a viver uma nova vida.

Lembrei de tudo isso pra poder dizer que eu precisava ir naquela festa e dançar pra caramba. Eu precisava me libertar de tantas regras que estavam me fazendo triste.

Uma hora, eu sentei naquela mesa e fiquei obeservando as pessoas bebendo, dançando, se beijando. Eu perguntei: É só isso? O mundo que as pessoas tanto amam é isso? Só isso?

Não era o suficiente pra mim. Não é o suficiente pra mim.

No outro dia, eu não fui à igreja. Me sentia envergonhada.

Eu tenho medo de me afastar do meu Pai, de não me arrepender dos meus erros, de não conseguir mais, de jogar relmente todos os meus sonhos pro alto e desitir, de esquecer de toda a história da minha vida, de esquecer das coisas lindas que eu já vivi com o Senhor, de esquecer das palavras da Bíblia, de esquecer das pessoas que já influenciei e que me tem como exemplo. Tenho medo.

Pra alguns, eu me desviei, me esqueci, desanimei. Pra mim, eu desanimei, vivi, aprendi.

E continuo aprendendo.

Não faço planos de como vai ser meu dia amanhã ou fico me julgando se o que fiz foi certo. Eu entregei pro meu Pai, porque é Ele quem tem a caneta da minha vida, foi á Ele que eu entregei todas as minhas vontades, todas as minhas necessidades e todos os meus medos.

Foi Ele quem me instruiu para que eu vivesse o mal de cada dia.

Foi Ele quem me permitiu ver como em tantos anos eu entendi errado.

Deus não nos pune, nossas escolhas e que nos punem.

Deus não se decepciona, Ele é onisciente e sabe o que fazer.

Não há tantas regras.

O mais importante é amá-lo acima de todas as coisas e amar as pessoas.

Não é santidade, não, não, faça, frutos, jejuns impossíveis, se afastar de pessoas que não o seguem ou julgá-las... É Jesus. Ele é o centro, Ele é quem muda, Ele quem ensina, Ele quem faz.

Meu Pai me fez pra ser livre, e liberdade trás felicidade.

Hoje, meu coração está leve, por saber que não importa por onde eu andar, ou o que eu fizer, Deus vai está do meu lado me orientando, me amando, me curando, rindo comigo, segurando a minha mão, me apoiando e dizendo: Não se preocupe.

Fazer a obra do Senhor é necessário, evangelizar, jejuar, orar, mas a verdade e a sinceridade comigo mesma e com meu Pai é o único caminho pra alcançar os sonhos dele e os meus sonhos.

Andar com o coração compassado com o Senhor é entender que Ele se preocupa com tudo que é meu.

Eu fui sincera com o Senhor ao dizer que precisava de um tempo da igreja pra pensar, Ele se colocou ao meu lado e disse: Eu estou com você. Creia em mim e grandes coisas eu farei, de fato ele tem feito.

Hoje eu não só mais falo de Você, eu vivo com Você.

Obrigada por ser meu amigo, meu Mestre, meu exemplo, meus sonhos, minha alegria.

O que eu quero pra minha vida hoje e por todos os dias é você, os seus sonhos, o nosso relacionamento, as pessoas, a vida.

Eu quero santidade, força, pessoas remidas ao Senhor mudanças, arrependimentos... Mas antes de tudo eu quero Jesus.

O centro é Ele, o comando é Dele.

P.s: Toma conta de tudo no no meu coração, seja feita a Tua vontade, não a minha.